Na nova ordem mundial promovida pela crise da Covid-19, os papéis da Netflix estão sendo negociados em sua máxima histórica. Resultado? A empresa de streaming de filmes fundada por Reed Hastings deixou o Mickey Mouse para trás em valor de mercado.

Desde a semana passada, a Netflix vale mais do que a Disney. Nesta segunda-feira, 20 de abril, a Netflix fechou avaliada em US$ 194 bilhões, enquanto o grupo do Mickey Mouse terminou com valor de US$ 186,5 bilhões. 

Essa "montanha-russa" que tem levado as gigantes a experimentarem altos e baixos começou quando a Disney anunciou, em 27 de março, que fecharia seus parques por período indeterminado para cumprir as determinações das regras de distanciamento social.

Cerca de 400 mil pessoas comparecem diariamente aos parques da companhia em todo o mundo, fazendo deles um dos lugares mais propícios à aglomeração.

Segundo estimativa da empresa de consultora financeira Barclay, a Disney perde entre US$ 20 milhões e US$ 30 milhões por dia enquanto mantiver as portas de seus parques fechadas. 

Para evitar uma sangria ainda maior em sua operação, a empresa colocou 100 mil funcionários em licença não-remunerada. Uma reportagem da CNN aponta que a medida economiza US$ 500 milhões por mês aos cofres da companhia. Contudo, o pagamento de US$ 1,5 bilhão em dividendo aos acionistas, agendado para julho, não foi cancelado.

A "tábua da salvação" da Disney neste momento de isolamento social tem sido justamente sua plataforma de streaming Disney+, que conquistou a marca de 50 milhões de assinantes dois anos antes do previsto.

O bom desempenho do serviço, que estreou em novembro do ano passado nos EUA, deve-se a diferentes fatores. Um deles diz respeito à chegada da plataforma a oito mercados europeus, como Alemanha, França e Reino Unido, e à Índia. No Brasil, a Disney+ deve desembarcar apenas no final do ano ou no começo de 2021. 

Somada a essa equação está a mudança de hábitos impulsionada pelo isolamento social. Justamente o que alavancou também a rival Netflix. 

Com 167 milhões e líder do setor, a empresa de streaming famosa por títulos como "Stranger Things" viu seus papéis serem negociados a US$ 438 na tarde de segunda-feira, 20 de abril. Desde o começo do ano, as ações da companhia subiram 32,8%. 

As suspensões de filmagens não foram sentidas pela Netflix, que tem na manga diferentes conteúdos originais, como a série "Tiger Kings", lançada em 20 de março.

O show que narra a história real do americano Joe Exotic e seus tigres foi assistida por 19 milhões de pessoas em apenas 10 dias, o que coloca a série entre as mais assistidas da história do streaming. 

Já as ações da Disney, que dispõe de poucos projetos originais desenvolvidos para a Disney+, tiveram queda de 30,9% desde janeiro de 2020, com os papéis valendo atualmente US$ 102,5.

As previsões para o conglomerado de entretenimento não são lá muito otimistas. A falta de conteúdo esportivo ao vivo tem impactado o desempenho do grupo Disney, sobretudo no que diz respeito às cotas de anúncio, que tem minguado diante da situação da pandemia. 

Embora seja difícil calcular o tamanho do estrago provocado pela crise do novo coronavírus, o banco de investimento UBS trabalha com a hipótese de perdas de quase US$ 2 bilhões nas receitas de 2020. A projeção leva em consideração o pior cenário, que manteria os parques fechados até janeiro de 2021.

Essa situação, contudo, não deve acontecer. Tanto o parque Walt Disney World, em Orlando, quanto o Disneyland Resort, na Califórnia, estão aceitando novas reservas a partir de 1º de junho de 2020. 

Em entrevista ao site americano Barron's, o chairman do grupo, Bob Iger, afirmou que possivelmente novas medidas de segurança e precaução serão adotadas, como checar a temperatura dos visitantes na entrada dos parques e solicitar o uso de máscaras nos restaurantes das instalações.

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