Previsto para as próximas semanas, o IPO da Coinbase está sendo encarado como um marco e, ao mesmo tempo, um teste de fogo para o mercado de criptomoedas. A empresa americana será a primeira do setor a abrir capital, em meio à intensa valorização das moedas virtuais nos últimos meses.

Cercada de expectativas, a oferta pública carrega uma questão adicional para um nome em particular: Brian Armstrong, o cofundador e CEO da Coinbase. Segundo a agência Bloomberg, com o IPO, o empreendedor pode rechear sua conta bancária com mais de US$ 3 bilhões, ou mais de US$ 1 milhão por dia útil, em um prazo de dez anos.

Essa possibilidade encontra explicação em um pacote de remuneração fechado em 2020 e que garantiu a Armstrong cerca de US$ 60 milhões em compensações, dos quais US$ 56,7 milhões equivalem a opções de ações na empresa.

De acordo com documentos registrados pela Coinbase na Securities and Exchange Commission (SEC), o órgão regulador do mercado de capitais americano, o empreendedor recebeu, em agosto do ano passado, 9,3 milhões de opções de ações da empresa, válidas por dez anos, que representam uma fatia de 3,8% dos papéis em circulação, com um preço de US$ 23,49 cada, na época.

Armstrong poderá ampliar seu patrimônio quando o preço das ações da companhia alcançar o valor mínimo de US$ 200. Suas opções serão exercidas integralmente caso o papel chegue próximo de US$ 400, o que representaria uma valorização de cerca de 1.600%.

Um dado recente abre uma perspectiva animadora para Armstrong. Segundo o portal de notícias Axios, um investidor comprou 127 mil ações da Coinbase em uma transação privada em 19 de fevereiro, por US$ 373 cada. É justamente esse preço que está sendo considerado na conta realizada pela Bloomberg.

Com sua participação na Coinbase estimada em US$ 15 bilhões, Armstrong fundou a companhia em 2012, ao lado de Fred Ehrsam. A plataforma, que já captou US$ 547,3 milhões, em 14 rodadas, de fundos como Andreessen Horowitz e Tiger Global, tem hoje mais de 43 milhões de usuários e negocia mais de 40 moedas digitais, entre elas, o bitcoin.

O pacote destinado a Armstrong é apenas mais um exemplo recente das concessões bilionárias em opções de ações para fundadores de empresas americanas que se prepararam para acessar o mercado de capitais.

A lista inclui ainda nomes como Alexander Karp, CEO e cofundador da Palantir, que tem um prêmio estimado em mais de US$ 1 bilhão nessa década, e Frank Slootman, CEO da Snowflake, cujas opções de ações estão avaliadas em cerca de US$ 80 milhões por mês durante um período de quatro anos.