Enquanto a Tesla, de Elon Musk, se consolida como a principal fabricante de carros elétricos do mundo, e com isso assumindo o título de montadora mais valiosa do mundo, com valor de mercado de US$ 1 trilhão, os nomes tradicionais do setor automobilístico correm atrás do prejuízo e tentam viabilizar suas operações de veículos eletrificados, em meio ao crescimento da demanda.

A mais recente montadora a sinalizar que o carro elétrico vai se tornar prioridade é a francesa Renault, que estuda a possibilidade de realizar uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) de sua divisão no segundo semestre do ano que vem.

A revelação foi feita pelo diretor financeiro da montadora, Thierry Piéton, durante teleconferência com analistas e investidores para falar dos resultados do primeiro trimestre.

O IPO da divisão de carros elétricos é uma das possibilidades sendo estudadas pela Renault dentro de um plano maior de reestruturação societária, que envolve separar essa unidade da divisão de carros movidos a combustível fóssil.

“Nós estamos analisando tudo, desde números [publicados em separado] até um IPO completo”, disse Piéton, que destacou que a Renault ainda não tomou uma decisão sobre como a separação das duas áreas ocorrerá. “Neste estágio, todas as opções ainda estão sob a mesa.”

Nos primeiros três meses do ano, a receita da Renault somou € 9,7 bilhões, queda de 2,7% em relação ao mesmo período do ano passado, em meio ao contexto de falta de microprocessadores no mundo. A montadora vendeu um total de 552 mil veículos no período, queda de 17%.

A montadora francesa, avaliada em € 6,7 bilhões, não informou o número total de vendas de veículos elétricos e híbridos pelo mundo, mas divulgou que esses carros responderam por mais de um terço do total comercializado da marca Renault na Europa, como o Kwid E-Tech e o Zoe.

Mesmo que não tenha tomado uma decisão sobre se fará um IPO da divisão de carros elétricos, a Renault se junta a outras montadoras que buscam formas de fortalecer as operações de veículos não poluentes.

A necessidade ganhou força nos últimos anos diante do sucesso da Tesla e o número cada vez maior de países que estuda banir carros movidos a combustíveis fósseis.

A Ford já anunciou que pretende fazer o mesmo que a Renault, de separar a unidade de carros elétricos do restante, como forma de destravar valor para a divisão. A tradicional montadora americana anunciou em março que vai investir US$ 5 bilhões em carros elétricos neste ano, projetando produzir mais de 2 milhões de veículos dessa categoria, anualmente, até 2026.

Quem foi pelo caminho do IPO foi a sueca Volvo. Depois de ser adquirida pela chinesa Geely Holdings em 2010 e anunciar que vai vender apenas carros elétricos até 2030, a montadora estreou na bolsa de valores de Estocolmo em outubro do ano passado com valor de mercado de US$ 18 bilhões.

A Stellantis, fruto da fusão entre Fiat Chrysler e PSA Peugeot Citroën, planeja investir mais de € 30 bilhões até 2025 em carros elétricos e autônomos. A Volkswagen tem planos de destinar € 73 bilhões em mais de 130 veículos até 2030, enquanto a General Motors ampliou em 75% o volume de aportes previsto em carros elétricos e autônomos, para US$ 35 bilhões.