Atenta ao movimento de expansão internacional de suas rivais, a Foxbit também decidiu levar seus serviços da corretora de criptomoedas para fora do Brasil. Nos últimos meses, a companhia estruturou um plano de expansão para lançar uma plataforma global para transacionar criptoativos, em uma iniciativa antecipada com exclusividade ao NeoFeed.
Com a possibilidade de ser acessada a partir de qualquer país, a nova plataforma vai permitir apenas transações envolvendo criptomoedas e entra em fase de testes nesta semana com uma base restrita de clientes. A previsão é de que o serviço esteja disponível para o público em geral até o fim deste ano. Atualmente, a corretora tem mais de 1 milhão de clientes no Brasil.
A ideia é conquistar principalmente os consumidores de países vizinhos. "A América Latina vem sendo o foco de todas as corretoras globais”, diz Ricardo Dantas, co-CEO da Foxbit, ao NeoFeed. “Mas também queremos dar ao brasileiro uma opção de operar com uma corretora brasileira internacionalizada.”
Dantas prevê que a adoção será maior em mercados como México e Argentina, onde já há um movimento mais forte no mercado criptoativos. Nesses países, a companhia está estudando a possibilidade de fazer parcerias. Os detalhes sobre esses acordos ainda estão sendo mantidos em sigilo. Não há previsão de ter estruturas físicas nesses ou em outros países.
No modelo da Foxbit, o cliente de fora do Brasil vai poder transacionar mais de 300 criptomoedas diferentes na plataforma, mas não conseguirá efetuar a compra dos ativos virtuais com moeda fiduciária.
"O público que a gente busca é o que já é adepto aos criptoativos”, diz Dantas. “Operar com cripto/cripto facilita o trade global e tira os problemas de integração da moeda fiduciária. O grande problema das corretoras é o real e o dólar indo para as plataformas.”
Outros planos da Foxbit para sua plataforma internacional envolvem, por exemplo, produtos de lending (uma operação de empréstimo) e tokens digitais. “Vamos criar muitos produtos que já estão disponíveis em corretoras internacionais e que as empresas locais não possuem”, afirma Dantas.
O anúncio da expansão internacional chega meses após a companhia receber um aporte de US$ 21 milhões. Anunciada em fevereiro desse ano, a rodada série A foi liderada pela OKG Ventures, braço de venture capital da OKX. Na época, a Foxbit revelou que pretendia utilizar o dinheiro para investir em novas tecnologias, realizar contratações e fazer aquisições.
Ainda que a expansão internacional não tivesse sido citada diretamente e nem se saiba o valor que será utilizado para este fim, o movimento era previsível levando-se em conta que a OKX é uma das maiores empresas que operam com a tecnologia de blockchain.
Antes da Foxbit, a investidora também fez aportes em empresas como XanPool, de Cingapura; Wyre, dos Estados Unidos; e Banxa, da Austrália. Todas têm negócios relacionados a criptoativos.
Além de estar mais capacitada financeiramente para dar um passo internacional, a Foxbit entende que o momento de baixa no mercado permite que a expansão seja feita sem pressa. “Estamos em bear market. É o momento em que você se prepara e estrutura produtos para que, no próximo bull market, aguarde o movimento”, diz Dantas.
O preço das principais criptomoedas sofreu uma queda considerável em 2022. Nos últimos 12 meses, o valor da bitcoin caiu quase 60%, sendo negociada atualmente por volta de US$ 20,1 mil. O Ether caiu no mesmo percentual. Seu valor atual gira em torno de US$ 1,3 mil por unidade.
No Brasil, o setor parece ensaiar uma recuperação. Em setembro, dados do CoinTradeMonitor mostraram que os investidores brasileiros negociaram mais de 36 mil bitcoins, o equivalente a R$ 3,8 bilhões. O volume de criptomoedas é quase 30% maior do que o registrado no mesmo mês de 2021 e 16% superior ao montante de agosto.
A internacionalização da Foxbit vem após uma série de movimentos semelhantes de exchanges brasileiras. Principal concorrente no mercado local, com 3,8 milhões de contas, o Mercado Bitcoin levou seus negócios para Portugal no início desse ano e, em julho, anunciou que pretendia desembarcar no México até o fim de 2022.
Outro player de olho no mercado internacional é a Digitra. Nesse caso, porém, a exchange criada por Rodrigo Batista (que fundou o Mercado Bitcoin e vendeu sua participação no negócio em 2019) já nasce operando de forma global.
“Eu sempre achei que o mercado cripto seria dominado por empresas com soluções globais”, afirmou Batista em entrevista ao NeoFeed realizada em julho.