A LogMeIn, provedora de soluções para trabalho remoto, não é mais LogMeIn. Virou GoTo. Um nome curto, fácil e, segundo a área de marketing, em perfeita sintonia com o que faz a empresa: “levar tecnologia e ferramentas colaborativas de comunicação (como videoconferências ou webinares) a qualquer lugar”.

As cores também mudaram: sai o discreto azul e entra um logotipo preto e amarelo, mais vibrante. É uma repaginada geral e global, apresentada, nesta quarta-feira, 2 de fevereiro, aos 180 países onde a empresa mantém operações.

Poderíamos encerrar a história por aqui se a mudança fosse apenas de nome e logo. Uma nota curta, informativa, sobre a nova identidade da concorrente de ferramentas como o Zoom, Teams e Slack... e ponto final. Mas talvez seja melhor trocar o ponto pela vírgula para entender um pouco mais o movimento.

A repaginada geral e global é, na verdade, a última fase de um processo de transformação que vem sendo estudado há pelo menos dois anos na matriz, em Boston, cujo principal objetivo é simplificar a operação e facilitar a vida de quem compra seus produtos.

A GoTo é uma empresa que nasceu como provedora de suporte remoto, cresceu por meio de aquisições, absorveu uma série de empresas e produtos, criou uma arquitetura tecnológica de ponta, mas precisava de uma integração maior de suas soluções. Dito de outra forma, teria de empacotar melhor, de maneira estratégica e clara, tudo o que vendia.

“Quando nos perguntavam o que a LogMeIn fazia, a gente enfileirava as soluções: telefonia, mensageria, videoconferência, webinar, arquitetura de segurança, acesso remoto, gerenciamento. Chegamos a ter 13 websites apresentando nossos produtos e serviços”, diz Vanessa D'Angelo, head de marketing para a América Latina. “A ideia foi criar uma estrutura unificada, que fizesse mais sentido para o mercado, para os canais de venda e para os clientes.”

Assim, surgiu uma plataforma única que combina as soluções de suporte e comunicação, colocando sobre o mesmo trilho a família de produtos GoTo Connect (vídeoconferência, webinar, mensageria, etc.) e a GoTo Resolve (o backoffice). Em resumo, um sistema tudo-em-um para facilitar o trabalho remoto.

Vanessa D'Angelo, da Go To

O novo posicionamento também prevê a expansão global da rede de parceiros (revendas de TI, integradores, distribuidores), que é o principal canal de vendas da empresa na América Latina, mas não em mercados como os Estados Unidos e a Europa, onde a distribuição é feita pela própria GoTo.

A empresa chegou à América Latina por meio da aquisição da Jive, de telefonia IP, que só operava com canais de venda. “Foi uma herança bendita que preservamos até hoje e que o mundo começa a copiar, dado os bons resultados”, afirma Vanessa.

Somente no Brasil, são 200 parceiros ativos, a maioria deles concentrada em São Paulo. O projeto de expansão prevê a formação de canais de venda no Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais – a meta com o aumento da rede de distribuição é atingir um crescimento de 20% neste ano.

No comunicado oficial de troca de nome e posicionamento, Mike Kohlsdorf, CEO da GoTo, diz que todas as mudanças são fruto de investimentos significativos em inovação – ele não revela quanto - para unificar as estratégias de mercado e acelerar a expansão. A GoTo registrou uma receita superior a US$ 1 bilhão em 2020, atendendo mais de 800 mil clientes pelo mundo.

O movimento de Kohlsdorf aponta para uma única direção: reforçar a GoTo para a disputa do bilionário mercado de “anywhere services” ou “anywhere operations”, como ficou conhecido o conjunto de softwares, soluções e serviços para o trabalho colaborativo e remoto.

Os últimos relatórios da consultoria IDC revelam que os gastos globais com essas ferramentas atingiram US$ 22,6 bilhões em 2020, um aumento médio de 33% em relação ao ano anterior. E que esse número deve ultrapassar os US$ 50 bilhões em 2025.

É um setor povoado por empresas como GoTo, Zoom, Microsoft Teams, Slack, Google, Cisco – nem todos competindo com as mesmas ferramentas, mas disputando, tela a tela, o mesmo cliente.

O crescimento exponencial do mercado de tecnologias remotas é efeito do isolamento provocado pela pandemia, claro. E a tendência deve continuar, ainda que em ritmo menos acelerado, mesmo quando todo mundo já puder respirar aliviado e voltar sem riscos aos escritórios.

Voltar aos escritórios? Dados da consultoria Accenture mostram que 63% das empresas de maior crescimento nos Estados Unidos já têm viabilizado sua produtividade com modelos remotos de trabalho e um levantamento do IWG Global Annual Workspace Survey 2020 revela que metade da força de trabalho no mundo atua fora do escritório principal de suas empresas em, pelo menos, 2,5 dias por semana. É um movimento que parece ser irreversível.