Desde que a pandemia da Covid-19 começou, o encanador brasileiro radicado em Los Angeles, Jorge Oliveira, estava preparado para aguardar sua vez em filas de supermercados e farmácias.

O que ele não imaginava era que sua paciência fosse testada justamente à porta das lojas de materiais de construção, como Home Depot e Lowe's.

"Estive mais ocupado do que nunca. Aquelas pequenas goteiras e vazamentos que ficavam para depois viraram prioridades para as pessoas que estão dentro de casa", disse Oliveira.

O que o Oliveira está presenciando é um novo fenômeno dos negócios. Com os cinemas fechados, os restaurantes funcionando com espaços limitados e as viagens para lugares distantes se tornando raras, os americanos estão gastando o dinheiro que está sobrando em melhorias em suas casas.

Quem notou essa tendência foram os analistas da consultoria de serviços financeiros Wedbush Securities, Seth Basham e Nathan Friedman, em relatório de agosto, notando que Home Depot e Lowe's foram as lojas que mais se beneficiaram dessa tendência.

Observe o exemplo da advogada Luiza Ribeiro. Sem poder ir a bares, restaurantes ou shoppings, ela decidiu reformar sozinha a sala, o quarto do filho e a sala de jogos. "Tive de ir diversas vezes às lojas de construção e sempre enfrentava uma longa fila", diz ela.

Desde março deste ano, quando as medidas de distanciamento social foram colocadas em prática, as ações da Home Depot avançaram mais de 40%, o que fez o seu valor de mercado atingir US$ 301 bilhões.

Para dar conta do aumento da demanda, a Home Depot vai investir US$ 1,2 bilhão na inauguração de outros três centros de distribuição na região de Atlanta e pretende incorporar mais mil funcionários à equipe.

O bom desempenho da Home Depot durante os meses de isolamento também se deve ao sucesso do seu e-commerce. Cerca de US$ 4,2 bilhões, ou 15% do total de suas vendas, foram feitas online. Das transações virtuais concluídas, 60% optaram por retirar os artigos na loja.

A Home Depot observou também suas vendas crescerem 7,5%, para US$ 28,3 bilhões, em balanço divulgado em maio deste ano. O gasto médio dos clientes disparou 11%, para US$ 74,70. O lucro trimestral foi de US$ 2,2 bilhões no período.

A Lowe's segue o mesmo caminho. No último balanço trimestral, registrou aumento de 11,2% nas vendas, que chegarem a US$ 19,7 bilhões no período.

A valor de suas ações avança 73% desde março e atualmente vale US$ 117 bilhões. Na região de Calgary, no Canadá, a Lowe's está investindo US$ 120 milhões na construção de um novo centro de distribuição.

A Lowe's alocou ainda US$ 340 milhões para manter as operações em tempos de crise e obteve US$ 1,9 bilhão de lucro no último trimestre.

Para Brian Nagel, analista da empresa de investimentos Oppenheimer & Co, a boa performance das empresas do setor devem continuar.

"Nossa análise mostra que, como as pessoas continuam em casa, projetos de reformas e manutenção estão saindo do papel”, disse Nagel ao NeoFeed. “Estamos cada vez mais convencidos de que as tendências de consumo nessa categoria deve persistir e surpreender positivamente os investidores."

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