O mercado financeiro viu nos últimos anos uma intensa disputa entre XP e BTG Pactual pelos investimentos das pessoas físicas. O exemplo mais claro e recente foram as casas de agentes autônomos, com ambas tentando para si os escritórios plugados nas plataformas concorrentes.
O novo front desta competição foi aberto na área de criptoativos, como ficou demonstrado nesta segunda-feira, dia 15 de agosto, quando ambas apresentaram suas respectivas plataformas de criptoativos, depois de passarem os últimos meses concorrendo na divulgação das novidades nesta parte.
Quem abriu o dia foi a XP, com o anúncio do início das operações da Xtage, sistema em que todos os clientes com conta digital poderão negociar criptoativos. A plataforma conta com parceria da Nasdaq para sua base tecnológica e estará disponível no aplicativo da XP, em uma aba chamada "cripto".
À tarde foi a vez do BTG Pactual, que anunciou o início das operações da Mynt. Ao contrário da XP, a plataforma do banco de investimentos será separada das operações do banco de investimento, embora poderá ser plugada à plataforma do BTG Pactual, sendo aberta para pessoas que não têm conta na instituição.
No caso das duas plataformas, a ideia é buscar por investidores que têm interesse em criptoativos, mas que ainda não têm muito conhecimento sobre o tema. Por isso, ambas apresentaram sistemas simples de utilizar.
A XP se baseou na experiência de sua plataforma de investimentos, podendo utilizar o saldo de sua conta digital, transferindo o valor para a conta de cripto e emitir sua ordem de compra.
Na cerimônia de lançamento da plataforma, que ocorreu hoje na Nasdaq, o CEO da Xtage, Marcos Horie, afirmou que os clientes da XP estavam demandando um mecanismo para negociar criptoativos dentro do aplicativo.
"Eles buscavam uma companhia em que tem a maioria de seus investimentos e a quem confiam uma das coisas mais importantes para eles, que são as economias da vida", afirmou.
A mesma experiência facilitada de operações é parte da Mynt, com um aplicativo com interface voltada para facilitar as transações, além de contar com material educativo, research, notícias de mercado e cotações. A plataforma do BTG Pactual já conta com a oferta de cinco criptoativos - bitcoin, ether, solana, polkadot e cardano. A XP, por enquanto, oferece bitcoin e ether, mas a ideia é ir agregando outras moedas e ativos digitais.
Em relação ao futuro, o BTG Pactual não informou projeções de quanto pretende ter em números de clientes ou ativos sob gestão. A XP divulgou que a plataforma tem 500 mil clientes, com potencial de chegar a 1 milhão até o fim do ano.
Os anúncios simultâneos são a parte mais visível de mais um round de uma disputa que vem desde o ano passado na parte de criptoativos, quando o BTG Pactual anunciou que lançaria uma corretora. Em julho, o banco anunciou o lançamento da plataforma, mas para um grupo selecionado de pessoas.
A XP estava divulgando ao mercado que viria com uma plataforma própria. Em maio, ela anunciou a criação da plataforma com tecnologia da Nasdaq, com previsão de lançá-la no final do segundo trimestre.
XP e BTG Pactual não estão sozinhos em busca de oferecer criptomoedas para pessoas físicas. O Nubank está nessa desde julho, quando soltou o Nubank Cripto, que permite comprar e vender bitcoin e ether.
O Santander também divulgou planos de permitir a negociação de criptomoedas, segundo informou o presidente do banco, Mario Leão, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.
Na apresentação da Mynt, André Portilho, head de digital assets do BTG Pactual, disse que o mercado está em crescimento, com espaço para outros entrantes, mas ele vê a experiência que o cliente terá e a segurança da plataforma como fundamentais para quem quer estar à frente da disputa.
“O cliente na ponta vai ver quem está oferecendo o melhor produto, quem está oferecendo melhor experiência e onde vou ter onde eu quero”, disse André Portilho, head de digital assets do BTG Pactual, na apresentação da Mynt. “Com tudo o que já aconteceu no mercado de criptomoedas, os diversos problemas que vimos, a gente acredita que tem uma parcela do mercado que vai querer ter a segurança do BTG Pactual.”