Os resultados do primeiro trimestre do Snapchat neste ano acenderam um alerta para os investidores. A receita de pouco mais de US$ 1 bilhão foi menor do que a esperada pelo mercado. Nesta quarta-feira, 29 de junho, a companhia pode ter dado uma resposta aos acionistas com o lançamento de uma nova frente que pode trazer dinheiro para o negócio.

Num movimento que vem ganhando cada vez mais força entre as empresas que atuam com redes sociais, agora chegou a vez do Snapchat lançar um serviço de assinatura com vantagens em relação ao uso gratuito da plataforma.

Chamado de Snapchat+ (leia-se Snapchat Plus), o pacote “premium” da rede social vai custar US$ 3,99 por mês e está disponível apenas em alguns mercados (o Brasil não está na lista). De acordo com a companhia, a assinatura é voltada para usuários que passam a maior parte do tempo se comunicando com seus amigos mais próximos utilizando o aplicativo.

Num primeiro momento, os assinantes vão ganhar apenas novidades, principalmente estéticas, como possibilidade de alterar o ícone do aplicativo. Também será possível fixar contatos no topo do bate-papo (como é possível fazer no WhatsApp, por exemplo) e assistir mais de uma vez um story publicado.

Do lado dos negócios, a ideia pode garantir uma nova fonte de renda além dos anúncios publicitários. Oficialmente, o Snapchat nega essa intenção. Em entrevista ao site The Verge, Jacob Andreou, vice-presidente sênior de produtos da empresa, afirmou que “os anúncios estarão no centro do nosso modelo de negócios a longo prazo”.

A estratégia de diversificar a fonte de receita além da publicidade não é inédita. O Twitter, por exemplo, também aposta na prática. A assinatura Blue do microblog, que custa US$ 2,99 por mês, dá direito a recursos como desfazer um tuíte, mudar o ícone de aplicativo e publicar vídeos com até 10 minutos de duração.

O Twitter não especifica exatamente quanto ganha de dinheiro com a assinatura. Em seu balanço financeiro mais recente, do primeiro trimestre deste ano, a companhia afirmou que “assinaturas e outras receitas totalizaram US$ 94 milhões”. A receita obtida com publicidade, por outro lado, foi de US$ 1,1 bilhão no período.

A questão é que o Snapchat está pressionado. Semanas atrás, a empresa informou que provavelmente vai atingir receita e Ebitda ajustado “abaixo do limite inferior da faixa de orientação do segundo trimestre de 2022”. As ações chegaram a despencar quase 40% com o anúncio.

Avaliada em US$ 22,1 bilhões, a companhia viu seu valor de mercado despencar pela metade desde a abertura de capital, em março de 2017. Desde o começo do ano, as ações já caíram mais de 70%.

Nas cifras, o Snapchat vive um ano complicado. Os resultados financeiros do primeiro trimestre ficaram pouco abaixo das expectativas do mercado, mas a companhia obteve crescimento de usuários. A receita do período foi pouco superior a US$ 1 bilhão. Já o número de usuários ativos bateu 332 milhões, 18% a mais do que no ano anterior.

Para piorar a situação a companhia vê o crescimento do TikTok. Fenômeno entre os jovens, a rede social de vídeos curtos deve aumentar de US$ 3,6 bilhões para US$ 11,6 bilhões a receita obtida anúncios neste ano.

O valor é maior do que o que deve ser empregado em campanhas no Snapchat (US$ 4,9 bilhões) e Twitter (US$ 5,6 bilhões), segundo dados compilados pela consultoria americana Insider Intelligence em parceria com o eMarketer.