Como você está olhando para seu negócio? E para a sua vida? Se seu olhar está no que existe, no aparente, é provável que isso se chame foco.

Mas foco não é um objeto ou um objetivo apenas, muitas vezes pode ser um novo olhar, ver ou imaginar o aparente de outro jeito. Ou enxergar o que não é aparente e, muitas vezes, isso se chama crença.

Roberto Goizueta, CEO da Coca-Cola entre 1981 e 1997, criou valor olhando para o vazio. Ele dizia que o foco não podia estar nos lugares onde a Coca-Cola era um sucesso, a grande questão era entender por que não havia o refrigerante em todos os lugares.

Foi esta visão que fez o produto chegar à China, à Rússia e em praticamente todos os lugares do mundo, mesmo numa época em que o planeta era dividido entre comunismo e capitalismo. Uma de suas máximas era “para ter sucesso devemos fabricar o que vende, não vender o que fabricamos”.

Isso se aprende com os clientes, mas o foco maior estava em usar os clientes para chegar nos não clientes. A filosofia de Goizueta fez da Coca-Cola a maior marca global da sua época.

Durante a Segunda Guerra Mundial, engenheiros norte-americanos analisavam os caças que regressavam de combates, considerando as áreas com mais furos de balas como as partes possivelmente mais frágeis dos aviões. Assim, blindagem extra foi instalada nessas áreas.

Até que o matemático Abraham Wald (1902-1950) propôs um novo olhar que salvou muitas vidas, já que os aviões que regressavam eram justamente aqueles que sobreviviam aos ataques e as áreas onde eles eram atingidos por balas eram na verdade as mais resistentes da aeronave.

Os aviões que eram abatidos, e portanto não regressavam para serem analisados, eram provavelmente atingidos naquelas áreas onde os aviões que regressaram não foram atingidos. Com base nesse novo pressuposto, Wald considerou que a blindagem extra deveria ser adicionada nessas áreas. O resultado se mostrou eficaz, revelando a natureza do que chamamos hoje de viés de sobrevivência.

John Wooden (1910-2010), para muitos o maior técnico da historia do esporte, via o sucesso da seguinte forma: “Faça o que for necessário para dar o melhor de si e não perca o sono preocupando-se com o competidor. Deixe que o competidor perca o sono preocupando-se com você. Ensine a sua organização a fazer o mesmo, coloque sua energia em competir só contra si mesmo.” Aqui o foco claramente é para o que você controla, ou pode controlar, sua própria capacidade, que só você consegue enxergar.

“Faça o que for necessário para dar o melhor de si e não perca o sono preocupando-se com o competidor. Deixe que o competidor perca o sono preocupando-se com você", dizia John Wooden

Já Michael Jordan, considerado o maior jogador de basquete que já existiu, declarou que durante a sua carreira tinha feito mais arremessos na sua mente do que jamais fizera dentro das quadras. Disputava partidas e campeonatos dentro das quadras, mas ganhava dormindo com o jogo.

Conta-se que o pintor Pablo Picasso recebeu uma visita de um marchand em seus estúdios e que este começou a perguntar sobre o preço estimado de suas obras. Tentando negociar melhor, o marchand, questionando os preços sugeridos por Picasso, disse que este era um artista de muito talento, mas não entendia de preço de obras de arte.

Picasso pegou uma nota de um dólar e perguntou quanto valia. O sujeito respondeu que o valor estava claro, na face, e que valia um dólar. Picasso assinou a nota e tornou a perguntar, quanto vale agora? E acrescentou: "Isto é a diferença entre preço e valor. O senhor vem aqui para negociar o preço das obras de arte, eu estou aqui criando o valor da arte. Vamos perguntar ao leiloeiro da Christie’s quanto vale esta nota de um dólar autografada por mim?"

Agora aqui vai o que penso. É sua crença que sustenta seu foco. Você tem dois olhos, mas deve ter vários olhares e infinitas visões. A salada de casos acima ilustra isso. Acredite, questione, aprenda formas diferentes e pense grande!

Encerro com Joana D’arc: “Agora sei disso. Todo homem dá sua vida pelo que acredita. Toda mulher dá sua vida pelo que acredita. Às vezes, as pessoas acreditam em pouca coisa ou em nada e então dão sua vida por pouco ou nada...”

*Leonel Andrade é CEO da CVC Corp e foi CEO da Smiles, Credicard e Losango Financeira. Ele também é membro do Conselho de Administração da BR Distribuidora e da Lojas Marisa. Além disso, faz palestras sobre gestão de pessoas e negócios.

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