Muitos já ouviram falar do restaurante Maxim’s de Paris, situado na rue Royale, entre a praça da Concórdia e a da Madeleine, conhecido por sua extraordinária decoração Art Nouveau, uma das mais belas da cidade.
Poucos lugares na capital francesa tiveram a agitação festiva do Maxim’s e reuniram, ao longo das décadas, tantas celebridades das mais variadas áreas como Mick Jagger, Andy Warhol, Marlene Dietrich, Caroline de Monaco, Maria Callas acompanhada de Aristote Onassis e da baronesa de Rothschild ou ainda o escritor Marcel Proust.
Foi ali que Brigitte Bardot entrou um dia descalça e que John Travolta fez passos de dança durante um jantar. A partir dos anos 1980, se tornou o hotspot após os desfiles de moda.
Com perda de fôlego nos últimos anos, sobretudo após a morte de seu proprietário, o costureiro Pierre Cardin, em 2020, esse célebre restaurante de Paris ficou adormecido, funcionando ocasionalmente para eventos.
Agora que completa 130 anos, acaba de reabrir sob o comando da Paris Society, filial do grupo Accor especializada em restaurantes com vistas de cortar o fôlego em Paris, como o Bonnie e o Girafe, e locais de balada, como a nova Phantom, no Accor Arena, ou ainda o Castel, ponto emblemático da noite parisiense nos anos 1960 e 1970.
O herdeiro de Pierre Cardin, Rodrigo Basilicati-Cardin, que continua o proprietário do Maxim’s, escolheu o grupo Paris Society para comandar o local por pelo menos quatro anos, um contrato de concessão que foi bem disputado entre os profissionais do setor.
“Maxim’s é provavelmente a marca de restaurante mais forte do mundo”, disse ao Le Monde Laurent de Gourcuff, presidente e fundador do Paris Society, sob sua direção mesmo após a venda de sua empresa para o grupo Accor.
“Desde o anúncio da reabertura, os hotéis palácios de Paris (Plaza Athénée, George V, Bristol, Crillon, Ritz, entre outros) ligam o tempo todo para reservar mesas para os seus clientes”, afirmou.
Apesar da reputação e do nome Maxim’s representar algo lendário no universo dos restaurantes da capital francesa, o desafio de redinamizar o lugar é significativo. Pierre Cardin dirigiu o lugar por mais de 40 anos, após tê-lo comprado da família Vaudable, que era proprietária desde os anos 1930.
O costureiro diversificou a marca, criando mais de 200 licenças – que vão de chá a malas e eletrodomésticos – e passou a investir em festas e eventos privados, em detrimento do restaurante propriamente dito. Hoje, a marca tem hoje uma loja em Paris, no Carrossel do Louvre, com itens de gastronomia.
Outros Maxim’s foram abertos mundo afora, também sob a forma de licenças, em Genebra, Tóquio, Nova York, Xangai e Bruxelas.
O restaurante parisiense havia perdido seu esplendor de outrora e só empregava dez pessoas antes da reabertura sob nova direção. A ideia é fazer reviver o Maxim’s do passado, diz Gourcuff, voltar a ter o brilho da bela época e, na prática, se tornar um quartel-general de celebridades.
Para dar novo impulso ao Maxim’s, o grupo Paris Society recrutou cerca de 80 pessoas e investiu 2 milhões de euros, sendo que a cozinha representa a maior parte dos gastos. Antes, ela vinha funcionando mais para a realização de banquetes, como um local para montar os pratos. A empresa visa a um faturamento anual de 10 milhões de euros.
A decoração do lugar, bem conservada, é tombada pelo patrimônio histórico francês e, por isso, as mudanças são pequenas e se resumem a alguns abajures trocados e novos tapetes e tecidos em um dos espaços.
Criada em 1889, no mesmo ano da inauguração da Torre Eiffel, a decoração foi concebida pelos maiores nomes do Art Nouveau na época, como Emille Gallé e Hector Guimard. Arabescos de cobre, espelhos bisotados, afrescos, paredes revestidas de madeira de mogno e ornamentos em forma de liana, flores e folhas, típicos desse estilo artístico, compõem o visual extraordinário do Maxim’s.
Faz parte da política do Paris Society não ter chefes famosos em seus restaurantes. No cardápio, os grandes clássicos do Maxim’s que contribuíram para a sua reputação ganharam destaque, como a salada de lagosta à americana, coxas de rã, o linguado Albert com espinafre e o frango Henri IV, cortado em frente ao cliente em um carrinho de prata maciça. Já o cardápio de sobremesas foi desenvolvido por um confeiteiro conhecido, Yann Couvreur.
Para acompanhar a cozinha francesa, estão previstas animações musicais de jazz ao vivo. No primeiro andar, há um piano-bar com um menu de coquetéis. A programação poderá também incluir DJs de música eletrônica e um clima mais disco. O bar funciona até duas horas da manhã.
Outra mudança: o típico toldo vermelho da fachada foi equipado com um sistema de luz que permite iluminar o nome Maxim’s à noite. O restaurante abre um novo capítulo em sua longa história e planeja recuperar o brilho do passado.