Mais e mais, conforme avançam as tecnologias 4.0 e a ciência da nutrição, a alimentação se transforma em ferramenta de empoderamento. O movimento foi captado pela gigante sueca de embalagens Tetra Pak em seu já tradicional relatório anual de tendências.

“Escolher quais alimentos e bebidas consumir é essencial para que se tenha o tão necessário sentimento de controle no mundo turbulento de hoje”, lê-se em Tetra Pak Index 2023. ,

Divulgada com exclusividade pelo NeoFeed, a pesquisa que ouviu 5 mil pessoas, em dez países, inclusive o Brasil.

As ferramentas 4.0, como inteligência artificial, aprendizado de máquina e big data, entre outras, foram fundamentais para essa “tomada de poder”.

De um lado, possibilitam aos inovadores do ecossistema agroalimentar revolucionar o modo como produzimos nossa comida e nos alimentamos. De outro, permitem o acesso dos consumidores a um volume de informação inimaginável até pouco tempo atrás.

Ultraconectados, eles estão mais conscientes e, consequentemente, mais exigentes. Hoje sabem que a comida é muito mais do que um amontoado de nutrientes essenciais ao bom funcionamento do organismo.

E se apropriam dela como forma de se posicionar e fazer valer seus propósitos e objetivos de vida.

Como costuma dizer a escritora Alicia Kennedy, especializada em cultura alimentar, nossas escolhas revelam o tipo de mundo em que queremos viver e o tipo de pessoas que esperamos ser.

“Com valores e princípios claros, o consumidor de hoje está mais seletivo e quer ter opção de escolha”, diz Danilo Zorzan, diretor de marketing da Tetra Pak, ao NeoFeed. “Diferente do que acontecia no passado, ele não está mais aceitando qualquer coisa que a indústria lhe apresenta”.

Segundo o levantamento da companhia sueca, as pessoas buscam, por meio da comida, ter domínio sobre sua própria saúde e contribuir para a recuperação do planeta – no mínimo, não agravar a crise ambiental.

"Para um mundo melhor"

Para 54% dos entrevistados, um dado é certo: ao mudar seus hábitos alimentares, eles acreditam ser possível contribuir para a construção de um mundo melhor. Um comportamento inimaginável até bem pouco tempo atrás – ao qual o setor alimentício deve prestar atenção.

Em uma tendência, reforçada pela pandemia do novo coronavírus, consumidores estão mais atentos à saúde e passam a olhar para a comida como remédio, explica Zorzan.

Em cada 100 entrevistados, 85 já compram produtos com vantagens extras para a saúde - com o perdão do trocadilho, um prato cheio para os fabricantes de alimentos funcionais.

A saúde ganhou tanta importância que, apesar da grande preocupação com o aumento do custo de vida, apenas 17% renunciariam aos alimentos benéficos.

Globalmente, sete em dez sacrificariam a conveniência se isso significasse consumir produtos mais saudáveis. E aqui o Brasil destoa: apenas 33% tomariam a mesma atitude.

Menos açúcar

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naturais, sem adição de açúcar (Foto: Better Juice)" width="860" height="484" /> Os consumidores se dizem abertos aos sucos naturais, sem adição de açúcar (Foto: Better Juice)

De todas as possibilidades, na vasta interseção entre alimentação e saudabilidade, a redução de açúcar aparece como a opção mais salutar.

Reduzir o consumo do carboidrato é a primeira providência na busca por um estilo de vida mais saudável. Globalmente, 40 em cem já tentam diminuir a ingestão diária do ingrediente.

Nesse ponto, o Brasil também se destaca da maioria dos países. Por aqui, a moderação está diretamente atrelada à estética. Sobretudo, entre as mulheres.

E o que a maioria faz para consumir menos açúcar? Corta da dieta os sucos adoçados artificialmente.

Em outro estudo da Tetra Pak, pouco mais de 60% topariam experimentar no futuro a bebida sem a ação de açúcar –índice superior ao dos produtos à base de plantas e das proteínas alternativas, duas áreas celebradas no ecossistema de inovação agrifoodtech.

Comunicação transparente

Para o consumidor contemporâneo, porém, a saúde sozinha não faz o futuro da alimentação. Em um grupo de dez pessoas, sete estão convictas de que produtos saudáveis não devem prejudicar o meio ambiente.

E metade defende: se um alimento ou bebida não é saudável para as pessoas, não é saudável para o planeta. A alimentação com forma de empoderamento pressupõe transparência.

Os consumidores estão atentos aos aspectos envolvidos na cadeia agroalimentar – da fazenda ao prato. “Inovações na produção de alimentos podem ajudar as marcas a aumentar seu apelo”, informam os analistas da Tetra Pak.

A comunicação honesta das ações ecológicas, incluindo divulgar todas as informações essenciais no rótulo, informa o relatório sueco, também será fundamental.

Assim se consegue combater o possível ceticismo dos consumidores e acusações de greenwashing, a prática de camuflar, mentir ou omitir informações sobre os reais impactos ambientais de uma empresa ou de um produto.