O movimento de desaceleração do mercado imobiliário chinês está causando um abalo sísmico nas ações dos principais bancos privados da China. Desde o início do ano, os bancos China Merchants Bank e Ping An Bank Co já perderam juntos mais de US$ 68 bilhões em valor de mercado.

Uma combinação de fatores está por trás da crise no mercado imobiliário chinês. Empresas do setor estão suspendendo projetos e a construção de empreendimentos à medida em que também observam uma queda nas vendas.

Esse movimento, por sua vez, tem gerado uma bola de neve que afeta diretamente os bancos privados. Com menos compradores, os bancos enfrentam a desaceleração nos produtos relacionados a hipotecas.

"O maior problema que a economia chinesa está enfrentando não é a liquidez", afirma Kenny Ng, estrategista de títulos da Everbright Securities International, em entrevista ao The Wall Street Journal. “Os bancos têm liquidez suficiente, mas os consumidores ou investidores não querem tomar emprestado dos bancos para gastar ou investir. Isso mostra falta de confiança.”

Como um reflexo desse contexto, a desvalorização das ações do China Merchants Bank e do Ping An Bank Co, que estão listados na bolsa de Xangai, já atinge patamares de 31% e 25%, respectivamente.

Nesta segunda-feira, 29 de agosto, a dupla enfrentou outro dia complicado no mercado de capitais. O China Merchants Bank terminou o dia com queda de 2,3%, enquanto o Ping An Bank Co registrou baixa de 1,5%.

A queda desde o começo do ano é considerável, principalmente quando comparada ao desempenho dos principais bancos estatais chineses na bolsa de valores durante o mesmo período, uma lista formada pelo Agricultural Bank of China, Bank of China, China Construction Bank e Industrial & Commercial Bank of China.

Essas quatro instituições caíram, em média, 4,9% no acumulado desse ano. A justificativa para o recuo moderado se dá justamente pela menor exposição desses bancos aos ativos imobiliários.

O que também vem atenuando os impactos para os bancos estatais é a maior flexibilidade no que diz respeito às alternativas de empréstimos. O grupo pode, por exemplo, mudar o foco das hipotecas para a oferta de empréstimos para projetos de infraestrutura.

Ainda que o momento não seja favorável, há investidores otimistas com a recuperação dos bancos privados na China. “Os bancos comerciais tendem a ser mais bem administrados e com mais foco em retorno e lucratividade”, afirmou Elizabeth Kwik, diretora de investimentos em ações asiáticas da Aberdeen Standard Investments ao The Wall Street Journal.