Diante da tímida retomada do mercado de capitais e da recente valorização das ações, o BTG Pactual decidiu reduzir a recomendação para as ações da B3 de compra para neutro, reduzindo as projeções financeiras para os próximos anos.
A decisão é um fator que pesa sobre o desempenho das ações da operadora da bolsa brasileira na segunda-feira, 13 de novembro. Os papeis registram a maior queda do Ibovespa. Por volta das 14h10, as ações da B3 caíam 3,94%, a R$ 12,45.
O preço-alvo foi mantido em R$ 14, considerando o baixo custo de capital. O valor indica um potencial de alta de cerca de 8% em relação ao patamar em que as ações estão sendo negociadas.
“Nosso viés para as ações já era pouco construtivo”, diz trecho do relatório assinado pelos analistas Eduardo Rosman, Thiago Paura e Ricardo Buchpiguel. “E após incluir os números do terceiro trimestre em nosso modelo, junto com dados mais recentes, estamos novamente cortando nossas estimativas para o lucro por ação da bolsa brasileira.”
O corte foi mínimo em relação às projeções anteriores – de 1,7% para o lucro por ação em 2024, que passou a R$ 0,80, e de 2,4% para 2025, a R$ 0,81 por papel. Mas os analistas já tinham feito duros cortes nas estimativas para o lucro por ação, 10% para 2024 e 17% para 2025, em 18 de outubro, após os resultados do terceiro trimestre.
Eles destacaram no relatório a piora no volume financeiro médio diário negociado (ADTV) no terceiro trimestre. No período, ele totalizou R$ 23,8 bilhões, uma queda de 11,6% na comparação com o segundo trimestre e de 9,1% em relação ao mesmo período do ano anterior. O lucro da B3 subiu 4,4% em relação ao terceiro trimestre de 2023, para R$ 1,07 bilhão, enquanto a receita total caiu 1%, a R$ 2,5 bilhões, e o Ebitda recorrente recuou 3,2%, a R$ 1,6 bilhão.
Para eles, o mercado de capitais brasileiro permanece num cenário difícil, prejudicado pelas incertezas em relação aos rumos dos Treasuries e da situação fiscal e política do País - ambos afetam o volume de negociações na Bolsa.
O ponto é importante, segundo os analistas do BTG Pactual, uma vez que os outros segmentos que a B3 está colocando de pé para diversificar sua fonte de receita ainda não compensam o peso das operações de mercado de capitais.
“Embora nova avenidas como dados e tecnologia ainda estão ganhando força, a B3 continua dependendo muito dos volumes de equities, que estão baixos e devem permanecer assim no curto prazo”, diz trecho do relatório.
Em meio à piora do cenário operacional, as ações da B3 registraram forte valorização recentemente, subindo cerca de 5% na sexta-feira, 10 de novembro, e quase 15% no acumulado do mês. No ano, elas registram queda de 5,7%, levando o valor de mercado da companhia a R$ 70,3 bilhões.
Além dos volumes baixos, os analistas do BTG Pactual afirmam que o mais recente balanço da B3 aponta para uma tendência de aumento de despesas. E a perspectiva do fim dos juros sobre capital próprio (JCP) com a Reforma Tributária deve pesar bastante sobre a operadora de bolsa.
Ainda que críticos, os analistas do BTG Pactual afirmam que a B3 é o player dominante do mercado de capital e que a diversificação vai ajudar em momentos em que o mercado não está positivo.
Eles entendem que a ação é uma boa opção para quem aposta na retomada do mercado de capitais. Mas com um P/E de 15,5 vezes para 2024 e 2025, os analistas afirmam que veem melhor potencial de crescimento em nomes como XP, BR Partners, Vinci e Pátria.