Fundada em 1997 e turbinada pelo capital estatal, a chinesa Chery percorreu caminhos que levaram sua operação a mais de 80 países, entre eles, o Brasil. Agora, ao que tudo indica, a montadora está em fase de preparação para um novo destino: o mercado de capitais.
Segundo a agência Bloomberg, a Chery Holdings está considerando um IPO da sua divisão automotiva, em um processo que poderia avaliar o negócio em aproximadamente 50 bilhões de yuans (US$ 7,1 bilhões), de acordo com pessoas familiarizadas com os planos.
A oferta pública inicial de ações seria realizada na bolsa de valores de Hong Kong. Parte do grupo que atua ainda com serviços financeiros e real estate, a Chery tem negociações em andamento com bancos para viabilizar o IPO, um trajeto que a montadora já havia avaliado em 2023.
Após anos consecutivos de queda, o mercado de IPOs de Hong Kong dá sinais de um início de recuperação. De acordo com dados compilados pela Bloomberg, as ofertas públicas na bolsa de valores local já movimentaram US$ 7,2 bilhões no acumulado de 2024.
Uma eventual abertura de capital iria ao encontro dos investimentos em expansão da Chery, especialmente no continente europeu. Em 2023, a empresa disse que planejava montar subsidiárias no Velho Continente para vender diretamente a seus clientes no Reino Unido, na Alemanha e na França.
Desde então, a companhia adiou a meta de levar a produção de seus veículos elétricos para a Europa em um ano, especialmente após a União Europeia anunciar a cobrança de uma taxa de até 45% para carros elétricos chineses.
Em paralelo, a Chery, dona de modelos como Tiggo e Arrizo, segue investindo em outras regiões. Um dos projetos mais recentes de expansão envolveu o anúncio de um aporte de US$ 800 milhões para o lançamento da primeira fase de uma fábrica no Vietnã.
A relação da companhia com o Brasil, por sua vez, já é mais duradoura. A empresa desembarcou oficialmente no País em 2014, quando inaugurou, em Jacareí, na região do Vale do Paraíba, em São Paulo, sua primeira fábrica fora da China.
Entretanto, três anos depois, a montadora cumpria um roteiro acidentado e estava prestes a deixar o País. Foi quando o empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, o “Caoa”, conhecido por “construir” marcas como a Hyundai no Brasil, comprou 50% da operação e criou a Caoa Chery.
Com uma rede de mais de 100 concessionárias, a operação também tem está no centro das estratégias de expansão da marca, mesmo após os rumores no mercado sobre ruídos na parceria, especialmente após a morte de Carlos Alberto de Oliveira Andrade, em 2021.
Em 2023, os dois parceiros anunciaram um plano de investimentos de R$ 3 bilhões para os próximos cinco anos na operação. Já nesse ano, a Caoa Chery anunciou um investimento de R$ 50 milhões em um novo centro de distribuição localizado em São Paulo para ampliar a sua capacidade de estoque.
No acumulado de janeiro a setembro desse ano, a Caoa Chery registra um volume de 44,2 mil carros vendidos no mercado brasileiro, segundo dados da Fenabrave. Com essa base, a empresa ocupa a 11ª colocação no ranking do País, com um market share de 2,53%.