Em um dos debates mais aguardados do South Summit Brazil, o CEO da Globo, Paulo Marinho, deu sua visão sobre a evolução da televisão, em um debate que participou ao lado de Claudio Toigo Filho, CEO do grupo RBS.
“É a convergência total, a união do broadcast com o broadband”, afirmou Marinho, depois de exibir um vídeo que mostra como a tevê deve evoluir. “Termina a fronteira entre o analógico e o digital.”
O padrão que a Globo vai seguir, assim como outras tevês brasileiras, é o DTV+, batizado informalmente de TV 3.0, que foi definido pelo Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD).
De uma forma geral, o novo padrão permite qualidade de sinal, conteúdo broadcast em 4k e 8k, áudio imersivo, personalização e interatividade. “O hábito de consumir tevê será muito mais parecido com o dos aplicativos. É uma tevê plug and play”, disse Toigo Filho, reforçando que isso abre espaço para mais conteúdos regionais.
Na prática, o telespectador pode assistir sua tevê da forma atual – seguindo a programação ou sem interação –, mas também poderá transformar o canal em um aplicativo, tendo diversas formas de interação com o conteúdo.
“Haverá uma infinidade de opções. Em um jogo de futebol, você poderá escolher o áudio ou a câmera que quer ver o replay do lance do gol”, disse Marinho, reforçando que tudo precisa fazer sentido do ponto de vista do consumidor, mas também do modelo de negócio.
Outro exemplo citado por Marinho é de um telespectador que assiste novela, mas não tem afinidade com a próxima atração da emissora. Com a TV 3.0, ele poderá assistir, logo na sequência, uma séria da GloboPlay, por exemplo. O novo recurso vai permitir também inserção de mensagens publicitárias em novelas ou programas, com link direto para a compra.
A Globo já fez testes em São Paulo e deve inaugurar uma estação piloto no Rio de Janeiro em breve. O plano, de acordo com Marinho, é avançar para outros Estados a partir da Copa do Mundo de 2026.
Marinho também comentou sobre as iniciativas de inteligência artificial da Globo. O CEO da companhia disse que existem mais de 100 iniciativas em curso, divididas em dois pilares.
Um deles é o da jornada do consumidor, que envolve personalização de conteúdo e sistemas de recomendação, que são bastante usadas pela GloboPlay e pelos sites de internet da companhia.
A outra é a jornada do anunciante, que envolve sistemas de compra e planejamento. Marinho acrescentou que testa uma solução de criação de mídia para pequenas empresas com o Google, que usa recursos de inteligência artificial.
“A inteligência artificial terá um impacto profundo no nosso negócio de criação e produção de conteúdo. Esse é um grande movimento dos estúdios Globo”, disse Marinho.