A XP Investimentos conta com mais de 300 gestoras na plataforma, entre casas brasileiras e internacionais, com estratégias diversas. Mas o tema “hot” do momento, segundo o responsável pela seleção de fundos da plataforma, é o crédito estruturado high yield, com destaque para FIDCs.

Para Fabiano Cintra, head da área de análise de fundos da XP, essa modalidade de produto está ganhando cada vez mais espaço. Dos cerca de R$ 250 bilhões em crédito na plataforma, o mundo de high yield, em que os FIDCs se encaixam, representa atualmente cerca de 8% do estoque.

E diante da demanda vista, Cintra não descarta a possibilidade de o high yield quase dobrar sua representatividade, chegando a 15% neste ano, com os FIDCs sendo um dos principais motores.

“Quem vai puxar esse crescimento relevante, de quase dobrar a quantidade de ativos que temos em high yield, serão os FIDCs”, diz Cintra. “Tenho convicção de que esse produto vai evoluir, e muito.”

Segundo Cintra, no primeiro trimestre, na categoria high yield, a procura registrada pela XP totalizou mais de R$ 1 bilhão, com demanda por novos nomes e novos formatos de fundos.

Essa demanda vem num momento em que os juros altos acabam afugentando os investidores da renda variável, que acabam direcionando recursos para a renda fixa, principalmente crédito. A renda fixa, por sinal, vem puxando os resultados da XP nos últimos trimestres.

Os FIDCs, em particular, vem ganhando espaço após publicação da Resolução CVM 175, que alterou a regulação dos fundos de investimentos e abriu a possibilidade de pessoas físicas acessarem esse tipo de investimento. “A regulação facilitou o desenho de produtos e a proliferação dos FIDCs”, diz Cintra.

O que tem atraído os investidores para os FIDCs é a combinação de retornos em bons níveis e certo nível de segurança. No caso da rentabilidade, alguns produtos estão entregando CDI mais 1,5%, quase 2%, com a possibilidade de resgate em 90 dias.

O fato do produto ter cotas subordinadas e cotas sêniores, com a primeira dando proteção à segunda, por absorver inicialmente eventuais perdas, também representa um atrativo.

Cintra diz que muitas gestoras estão procurando a XP para oferecer FIDCs e outros produtos de crédito, com muitas casas atuando em multimercado iniciando seus braços de crédito, considerando as dificuldades macroeconômicas.

“E gestoras que já operam em crédito estão expandindo o espectro de possibilidade, indo para essa classe mais estruturada”, afirma.

A expectativa é de que a nova regulação também resulte em novos tipos de produtos, como fundos com diferentes classes de cotas. Para ele, a regulação veio para ficar e deve continuar estimulando a criação de novos produtos. “Vamos ver produtos inéditos no Brasil”, afirma. “Os benefícios vieram para ficar.”