No primeiro balanço de "ano cheio", após ser privatizada em junho de 2022, os executivos da Eletrobras dedicaram parte da teleconferência com analistas para explicar os próximos passos na disputa com a Amazonas Energia, distribuidora que tem dívidas de R$ 10 bilhões com a Eletrobras, conforme reportagem publicada com exclusividade pelo NeoFeed.
Rodrigo Limp, vice-presidente de regulação e relações institucionais na Eletrobras, comentou a disputa com a Amazonas Energia, distribuidora que está inadimplente com o Grupo Eletrobras. A dívida da Amazonas apenas com a Eletronorte, por exemplo, é de R$ 3,6 bilhões.
“Estamos buscando uma solução estrutural com o Ministério das Minas e Energia e a Aneel, por meio de um grupo de trabalho que está elaborando um relatório de alternativas visando a troca do concessionário”, disse Limp, acrescentando que a empresa também está atuando na Justiça.
“Conseguimos decisões importantes, como receber a maior parte dessa despesa corrente diretamente da CCE, e temos atuado para que outros créditos que a Aneel libere para a Amazonas sejam repassados diretamente para a Eletrobras, para evitar a deterioração ainda maior da sustentabilidade da concessão”, acrescentou.
Limp admite que serão exigidas mudanças regulatórias que flexibilizem e tragam viabilidade para as mudanças da concessão. “Esperamos uma solução no curto prazo, entre abril e maio.”
Maior companhia de energia elétrica da América Latina, a Eletrobras registrou lucro líquido de R$ 893 milhões no quarto trimestre, uma melhora expressiva em relação ao prejuízo líquido de R$ 479 milhões obtido no último trimestre de 2022. No ano completo, o lucro líquido aumentou 21% em relação a 2022, para R$ 4,4 bilhões.
O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) somou R$ 1 bilhão no quarto trimestre, uma queda de 26% em relação a 2022. No total do ano, porém, o Ebitda somou R$ 17 bilhões, alta de 49% ante os doze meses de 2022.
A ex-estatal também anunciou que vai propor distribuir dividendos de R$ 1,3 bilhão, valor 39% maior em relação aos R$ 863,4 milhões pagos em 2023, referentes ao ano de 2022.
Os números, em geral, foram positivos. No acumulado do ano, a Eletrobras reportou aumento do lucro, de Ebitda e dos investimentos. De acordo com a empresa, o ano de 2023 foi marcado pela simplificação societária, redução de custos, aumento de receitas de transmissão e foco na geração de energia limpa.
“O novo modelo de negócios e governança da Eletrobras tem gerado resultados consistentes, pautados na disciplina de capital, eficiência operacional, foco no cliente e um aumento importante na capacidade de investimentos” afirmou o presidente da Eletrobras, Ivan Monteiro, em teleconferência aos acionistas no final da manhã.
André Nogueira, analista da Mantaro Capital, aponta a redução dos custos operacionais e do estoque passivos herdados da gestão estatal como principais destaques do relatório.
“Por uma mudança na política de divulgação, não tivemos abertura dos preços de novos contratos firmados no quarto trimestre, mas a maior contratação de energia divulgada cria a expectativa de melhoria nos preços de venda, dado o aumento dos preços no final de 2023”, afirmou Nogueira.
Segundo ele, com a redução estrutural de custos e uma recuperação dos preços de energia, “há uma boa perspectiva de resultados para a Eletrobras nos próximos trimestres”.
A ampliação do acesso ao Mercado Livre está no radar da companhia, com proposta de aumento do time de vendas. De acordo com a empresa,
Na teleconferência, Monteiro e outros executivos também anunciaram uma ofensiva na área comercial da Eletrobras para captar novos clientes, aproveitando a mudança da lei que ampliou o número de consumidores de alta tensão (grupo A) aptos a comprar energia elétrica no Mercado Livre de Energia. O volume de energia que a Eletrobras poderá vender no mercado livre deverá aumentar 20% por ano até 2029.
Com valor de mercado de R$ 102,5 bilhões, a ação da Eletrobras acumulava até às 15h de quinta-feira, 14 de março, alta de 1,3%, aos R$ 43,94. No ano, o papel sobe 30,5%.