O BTG Pactual e o empresário Renato Rique, presidente do conselho de administração da Allos, empresa resultante da fusão entre Aliansce Sonae e brMalls, se juntaram, no fim do ano passado, com a promessa de consolidar o mercado de shoppings de pequeno e médio portes em Portugal.

Em junho deste ano, o fundo BTG Iberia Shopping 1 concluiu a captação de R$ 250 milhões com a possibilidade de investir até R$ 600 milhões alavancado. Agora, Rique, um dos mais respeitados nomes do mercado de shopping-centers no mundo, começou a colocar o plano em prática. O fundo acaba de comprar o Tavira Gran-Plaza, na região do Algarve, por 17,5 milhões de euros.

O empreendimento, com 26 mil metros quadrados de área bruta locável (ABL), conta com pouco mais de 70 lojas, 97% de ocupação e deve fechar 2023 com vendas de 40 milhões de euros. “Foi uma grande oportunidade que apareceu para a gente”, diz Rique ao NeoFeed. O empresário conta que o ativo estava na mão de bancos porque o antigo investidor não conseguiu quitar as dívidas.

“Se tivéssemos que construir um shopping como esse hoje, gastaríamos o dobro”, afirma Rique. Como estava nas mãos de credores, que não são do ramo, o empreendimento, inaugurado em 2009, ficou praticamente parado em termos de reformas e ativações. “Ele precisa de algumas melhorias e vamos fazer isso para aumentar a produtividade do shopping”, afirma.

Nos planos de Rique estão trazer novas lojas, melhorar a praça de alimentação e também implementar quiosques de compras nos corredores – algo que hoje não existe no empreendimento. Mas o que chamou a atenção de Rique no shopping de Tavira?

O ativo está perto da autoestrada, próximo de outros municípios portugueses e ao lado da fronteira com a Espanha. “Está se tornando um destino turístico com grande potencial, principalmente para a silver economy”, diz, referindo-se às pessoas com mais de 65 anos de idade.

Tavira Shopping Portugal
O shopping conta com mais de 70 lojas

Há, entretanto, outros fatores que fazem Rique acreditar no potencial do shopping. “Podemos melhorar bastante a rentabilidade do ativo. Agora, ele terá o olhar do dono, desde o cuidado com a flor na porta até o polimento dos banheiros”, afirma. E o poder de barganha também vai entrar nessa conta.

Além desse shopping, o plano é comprar outros dois ativos – mais um até o fim do ano e outro no ano que vem – em um investimento total de 80 milhões de euros. Mas a escala para negociar contratos com grandes cadeias de lojas e fornecedores para melhorar a rentabilidade não virá apenas dos empreendimentos próprios do fundo.

Dois meses atrás, Rique e seu sócio português Nadlan Partners, que já têm uma marina em Cascais, compraram o controle da administradora de ativos imobiliários Wider Property. Ela possui 17 escritórios espalhados por Portugal, conta com uma equipe de 72 pessoas e administra prédios comerciais, galpões logísticos e, agora, oito shopping-centers em todo o país.

Renato Rique
Há dois meses, Renato Rique comprou uma administradora de imóveis em Portugal

“Com a Wider Property, ganhamos poder de barganha e estamos posicionados para ganhar escala”, diz Rique. Ele sabe que precisa trazer resultado para os shoppings do fundo. Afinal, a saída para os investimentos deve acontecer em cinco anos.

“Se juntarmos os três shoppings que teremos com um tíquete acima de 100 milhões de euros, atrairemos um investidor qualificado”, afirma. A julgar pelo colosso dos shopping-centers que ele ajudou a construir no Brasil, é bom levar a sério seus planos.