O movimento de companhias brasileiras em direção à bolsa dos Estados Unidos segue em ritmo forte. Nesta sexta-feira, 18 de julho, o banco de investimentos BR Partners anunciou que aprovou o início da emissão de American Depositary Receipt (ADR), que é a emissão das ações listadas no Brasil pelo mercado dos Estados Unidos.

Segundo apurou o NeoFeed, a listagem americana deve ocorrer em setembro e a perspectiva é de triplicar a liquidez das ações da companhia no Brasil. A empresa realizou o IPO em junho de 2021, quando levantou, na ocasião, R$ 400 milhões.

O volume médio de negociações diárias na B3 gira em torno de R$ 202 mil. Em 2025, os papéis variaram entre R$ 11,75 e R$ 17,05. Nesta sexta-feira, 18, chegou a R$ 16,85. A companhia está avaliada em R$ 1,76 bilhão.

A ida ao mercado americano deve-se também ao fato de existir investidores especializados em financials e small caps dos Estados Unidos e Europa que estão mostrando o interesse por ativos brasileiros. Mesmo com o movimento rumo aos Estados Unidos, a companhia continuará listada na B3.

O mercado reagiu bem à decisão anunciada pela empresa. No início do pregão na bolsa de São Paulo, por volta de 10h30, as ações da companhia operavam em alta de 1,33%, negociadas a R$ 16,77. No acumulado do ano, os papéis registram valorização de 29%.

Segundo revelou o NeoFeed em junho, o volume de ADR e de ações de empresas brasileiras listadas diretamente nos Estados Unidos representa o equivalente a 65,6% dos mais de 400 papéis que são negociados diariamente na bolsa de São Paulo. Há cinco anos, esse índice era de 29%.

O levantamento, na ocasião, feito pela consultoria Elos Ayta, mostrou que as empresas brasileiras movimentavam por dia, em média, US$ 2,19 bilhões nas bolsas dos Estados Unidos. E há uma tendência para que esse volume cresça nos próximos meses.

O pioneiro desse movimento foi a fintech Nubank, que decidiu pela dupla listagem, chegando ao mercado americano em 2021. Pouco tempo depois, realizou a deslistagem na B3, oferecendo apenas emissões de BDRs via B3.

Recentemente, a companhia brasileira JBS, líder global na produção de produção de proteína animal, chegou à bolsa dos Estados Unidos para efetivar a segunda listagem. Logo nos primeiros dias, viu seu giro diário atingir um volume nos Estados Unidos 51% acima do que na bolsa brasileira.

De qualquer forma, algumas ADRs de empresas brasileiras na bolsa americana vêm sofrendo retração desde o anúncio de Trump, no dia 9 de julho, de que taxaria o Brasil a partir de 1º de agosto.

A fabricante de aeronaves Embraer, uma das companhias que será mais impactadas caso a cobrança determinada por Trump seja efetivamente aplicada, viu suas ADRs caírem 9% no pregão, após o anúncio da Casa Branca. Nesta sexta-feira, as ações da companhia na Nyse operam em queda de 1,47%.

Segundo o BR Partners, o ticker para listagem na bolsa dos Estados Unidos nem os valores das negociações ainda estão definidos. Procurada pelo NeoFeed, a companhia não comentou sobre o assunto.