Duas das maiores companhias do segmento de locação de veículos do Brasil, Localiza e Movida anunciaram emissões de debêntures na terça-feira, 10 de junho. Líder do setor, a empresa fundada pela família Mattar informou que pretende captar R$ 1 bilhão, por meio da Localiza Fleet, divisão de gestão de frotas. Já a Movida, que integra o grupo Simpar, revelou autorização para emissão no valor de R$ 750 milhões.

As emissões das debêntures ocorrem em momentos de valorização das ações das empresas na B3. No acumulado de 2025, os papéis da Movida registram alta de 95,8%. No caso da Localiza, o crescimento neste ano chega a 37,1%. As duas começaram o pregão de terça, 10, em alta na B3.

Em ambos os casos, as emissões são não conversíveis em ações das companhias. Dos recursos da 18ª emissão da história da Localiza, parte do valor será usado para o resgate de debêntures na 11ª emissão, de setembro de 2022, que também somava R$ 1 bilhão. Os valores remanescentes (que a empresa não revela o volume) serão usados para recomposição de caixa.

O banco liquidante da operação da Localiza será o Itaú Unibanco. A emissão será realizada pela Pentágono Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários.

No seu comunicado ao mercado, a Movida diz que a aprovação da emissão ocorreu em reunião do Conselho de Administração na última sexta-feira, 6. Os valores obtidos serão utilizados, segundo a empresa, para “fins corporativos” da companhia, o que inclui gestão de passivos. A locadora de veículos não informa como será a divisão do montante obtido com as debêntures. Ficou decidido que a emissão terá conduzida também pela Pentágono.

Em dezembro de 2024, a empresa controlada pela Simpar já havia realizado emissão no valor de R$ 1 bilhão. A coordenação da 22ª emissão de debêntures da Movida ficará a cargo da UBS BB Corretora.

Receita em alta

No balanço do primeiro trimestre de 2025, a Movida registrou alta de 61,5% no resultado do lucro operacional, com valor de R$ 78,5 milhões. A receita líquida consolidada no período foi de R$ 3,5 bilhões, sendo R$ 1,88 bilhão do segmento de locação, alta de 26%.

No caso da Localiza, a receita líquida consolidada alcançou R$ 10,1 bilhões entre janeiro e março deste ano, crescimento de 16,7% sobre o mesmo período de 2024. O segmento de seminovos teve alta de 22,2%, mais do que a área de locação, que cresceu 11,2%. O lucro líquido chegou a R$ 842 milhões, uma evolução de 14,8%.

Ainda que as duas empresas tenham reportado desempenho financeiro positivo nos primeiros três meses de 2025, o endividamento segue como ponto de atenção nos balanços. A Movida apresentou dívida líquida de R$ 15,9 bilhões ao fim de 2024, ainda que com uma posição de caixa de R$ 3 bilhões. A alavancagem no primeiro trimestre foi de 3,07 vezes a relação dívida liquida sobre Ebitda, com uma redução de 0,12 vez sobre o primeiro trimestre de 2024.

A Localiza reportou, no dia 31 de março, dívida líquida de R$ 32,1 bilhões, aumento de 7% sobre o registrado em 31 de dezembro. A alavancagem da companhia é de 2,61 vezes dívida líquida sobre Ebitda. O índice é superior ao registrado no quarto trimestre (2,52 vezes), mas um pouco inferior ao do primeiro trimestre de 2024 (2,78 vezes).

No ano passado, o setor de locação de veículos registrou alta de 17,8%, com faturamento bruto recorde de R$ 52,9 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla). No período, as empresas compraram 649,3 mil automóveis zero km, o que representou 26,1% de todos os carros emplacados no Brasil no ano passado.

O valor de mercado da Localiza é de R$ 47,9 bilhões. A Movida registra market cap de R$ 2,44 bilhões.