Companhia de aluguel de veículos, de gestão de frotas e venda de seminovos do grupo Simpar, a Movida está dando a partida em seu plano de internacionalização e elegeu Portugal como seu primeiro destino.
Para marcar sua chegada ao país, a empresa anunciou nesta quarta-feira, dia 21 de setembro, a compra da locadora de veículos local Drive on Holidays, pagando € 55 milhões. O acordo foi fechado por meio da subsidiária Movida Finance, em uma operação cujo enterprise value foi estabelecido em € 66 milhões, considerando a dívida líquida de € 11 milhões.
Nos termos da transação, do total acertado, € 52,5 milhões foram pagos aos vendedores e € 2,5 milhões ficaram retidos para eventuais indenizações.
“Essa aquisição faz parte do nosso planejamento estratégico de internacionalização da Simpar e da Movida”, diz Renato Franklin, CEO da Movida, ao NeoFeed. “Como já dissemos aos nossos investidores, queremos ter parte da receita em moeda forte, dólar ou euro.”
Sediada em Lisboa e há 11 anos no mercado, a Drive on Holidays possui quatro lojas próximas aos principais aeroportos portugueses e uma frota de aproximadamente 3,3 mil veículos.
Com a aquisição, Ricardo Esteves, um dos acionistas fundadores da companhia, permanecerá como principal executivo da empresa, que seguirá operando de forma independente. O acordo prevê ainda a manutenção dos 130 funcionários da locadora.
Segundo Franklin, o que chamou a atenção da Movida e da Simpar na Drive on Holidays foi o bom nível de serviços prestados pela empresa, juntamente com seu baixo custo operacional e um bom desempenho financeiro.
Dados divulgados pela Movida mostram que, entre julho de 2021 e junho deste ano, a Drive on Holidays registrou uma receita líquida de € 20,2 milhões, Ebitda de € 16,3 milhões, lucro líquido de € 6,7 milhões e dívida líquida de € 11 milhões.
“Foi uma via que encontramos para colocar o pé na Europa, por meio de Portugal, com uma empresa que está funcionando e está entregando”, afirma Franklin.
A internacionalização é uma prioridade para as empresas do Simpar, que conferiu à sua equipe de M&A um mandato para expandir a holding para fora do País, por meio de aquisições e alianças. A ideia é que, em cinco anos, cerca de um terço da receita do grupo seja gerada em moedas fortes.
Esse caminho é também um movimento prioritário para os principais concorrentes da Movida. Em entrevista ao Conexão CEO no ano passado, Luís Fernando Porto, CEO da Unidas, ressaltou que uma das questões que motivaram a fusão com a Localiza foi o fato de o acordo abrir portas para outros mercados de locação veículos além do Brasil. A Localiza já opera em quatro países da América do Sul, com 81 franquias.
A escolha da Movida por Portugal se deve ao fato de o país falar o mesmo idioma e ter semelhanças culturais com o Brasil, o que potencializa a captura de sinergias na esfera administrativa.
O país também tem um fluxo relevante de turistas, muitos deles brasileiros, além de ser um mercado pequeno, fragmentado e subpenetrado quando se trata de locação de veículos. Isso permitirá à Movida trazer novas frentes de negócios, como gestão de frotas e assinatura de veículos.
“É um negócio igual ao que tínhamos no início da Movida, quando trouxemos mais clientes para o mercado de aluguel de carros sem ficar brigando com concorrentes. É o que imaginamos que dá para fazer em Portugal”, afirma Franklin.
Nessa primeira escala, a prioridade do plano de internacionalização da Movida é o fortalecimento da Drive on Holidays, com foco na melhora da execução de serviços, investimentos em tecnologia e no atendimento para melhorar a experiência do cliente.
“A gente acredita que isso traz mais demanda", diz Franklin. "Com isso, você consegue crescer frota, mantendo ou melhorando rentabilidade, ganhando escala. Esse é o objetivo principal, ser referência em termos de serviços em Portugal.”
As ações da Movida fecharam o pregão de hoje com queda de 2,67%, a R$ 13,12. No ano, os papéis acumulam queda de 16,8%. O valor de mercado da companhia está em R$ 4,8 bilhões.
No segundo trimestre, a empresa registrou um lucro líquido de R$ 186,8 milhões, aumento de 7,4% em relação ao mesmo período de 2021. Na mesma base de comparação, a receita cresceu 89,8%, para R$ 2,4 bilhões, e o Ebitda subiu 2,3 vezes, para R$ 905,3 milhões.