A onda de demissões das big tech ao redor do mundo afetou também a Sea Group, conglomerado de Cingapura que é dono da operação de comércio eletrônico Shopee e da empresa de videogame Garena.

Nos últimos seis meses, a Sea Group demitiu mais de 7 mil pessoas, o equivalente a 10% de sua força de trabalho, de acordo com reportagem do site americano The Information.

A Sea, uma empresa com capital aberta na Nasdaq, cujos principais acionistas são Tencent, BlackRock e T. Rowe Price, era uma das companhias que gastaram enormes somas de dinheiro para crescer rapidamente nos últimos anos.

O aumento das taxas de juros ao redor do mundo, somada a dificuldade de obter mais capital por conta da cautela de investidores, mostrou que essa estratégia era insustentável e fez a companhia rever a sua política para focar em rentabilidade.

As demissões da Sea Group são parte de um esforço para se tornar lucrativa, disse o fundador e CEO Forrest Li, segundo o The Information.

Em setembro deste ano, em um e-mail na qual o NeoFeed teve acesso, dirigido aos funcionários, Li já alertava sobre a nova orientação da empresa.

“Devemos encontrar todas as formas de reduzir nossos custos operacionais. Quanto mais dinheiro economizamos a cada dia, mais tempo podemos comprar para enfrentar essa tempestade”, informa um dos trechos do e-mail enviado por Li a funcionários da Shopee em todo o mundo.

A Sea Group cresceu de forma acelerada nos últimos anos. O número de funcionários passou de 33,8 mil no fim de 2020 para 67,3 mil em 2021. Atualmente, tinha aproximadamente 70 mil empregados.

Mas, ao mesmo tempo que crescia, o prejuízo também aumentava. Ele foi de US$ 3,6 bilhões em 2020 e 2021. No segundo trimestre deste ano, as perdas dobraram para US$ 931 milhões.

A taxa de crescimento da receita, no entanto, desacelerou para 29%, de 64% no primeiro trimestre. Com isso, o preço das ações da Sea caiu mais de 80% desde o pico do ano passado. O valor de mercado da companhia desabou de US$ 200 bilhões para US$ 33,5 bilhões.

Neste cenário, as demissões começaram a acontecer já no final do segundo trimestre deste ano. Em junho, a Sea fez uma rodada de demissões que afetaram principalmente o Shopee Food e o Shopee Pay, seus serviços de entrega de alimentos e pagamento digital.

Em setembro aconteceram mais duas grandes rodadas de demissões, que cortaram milhares de empregos ao redor do mundo. Na América Latina, a Shopee, por exemplo, fechou sua operação na Argentina e reduziu seus quadros no México, no Chile e na Colômbia. O Brasil, na ocasião, passou ileso aos cortes.

Ao mesmo tempo, a Shopee começou, no Brasil, uma estratégia para aumentar a sua rentabilidade, em linha com a nova estratégia global de Li. Desde setembro, a operação de comércio eletrônico da Sea ampliou o take rate – taxa de intermediação nas transações – cobrado dos vendedores de sua plataforma no mercado brasileiro. No plano padrão, a comissão passou de 12% para 14%, enquanto no plano premium, a mudança foi de 18% para 20%.

A Sea não é a única do setor tech que está cortando pessoas. A Meta (ex-Facebook) está cortando 11 mil empregos. A Amazon, de Jeff Bezos, deve fazer cortes de 10 mil funcionários nesta semana.

Em outubro deste ano, a Microsoft demitiu mais de 1 mil funcionários globalmente em diferentes áreas e regiões. Já Elon Musk cortou quase metade dos 7,5 mil funcionários do Twitter, em 4 de novembro, uma semana após ter assumido o comando da rede social, em uma negociação avaliada em US$ 44 bilhões.