A Natura ainda é mais conhecida pelo modelo de vendas diretas e por seu batalhão de consultoras. Mas a empresa liderada por Fabio Barbosa expandiu a sua prateleira ao anunciar nesta semana o lançamento de sua loja no marketplace do Mercado Livre.

Para o Itaú BBA, o movimento é um “ganha-ganha” para as duas empresas. Em relatório, o banco observou que, para o grupo de cosméticos, o principal avanço é a diversificação dos canais de venda, já que mais de 90% das receitas ainda são geradas pelas consultoras. E há mais elementos em jogo.

“Hoje, o Boticário (seu principal concorrente) se beneficia de uma presença mais ampla em lojas físicas e uma plataforma de e-commerce forte (Beleza na Web)”, escreveram os analistas, ressaltando que a parceria permite que a Natura tenha acesso a um público mais amplo.

Na visão do banco, o Mercado Livre pode oferecer um caminho mais rentável, pois o take rate cobrado pela plataforma, estimado pelos analistas em 23%, é provavelmente menor do que os custos agregados da Natura ao vender por meio de suas consultoras.

Segundo as estimativas do Itaú BBA, a Natura oferece às consultoras um desconto entre 15% e 40% sobre os preços sugeridos, em um formato que inclui ainda um percentual de 4,5% de custos de logística e 2,3% de despesas com inadimplência.

Para os analistas, além de eliminar esse último risco, a parceria com o Mercado Livre favorece a Natura pois o take rate cobrado inclui os serviços de logística, com os produtos armazenados nos centros de distribuição da plataforma, um formato que traz um volume de vendas sete vezes maior.

Já sob a ótica do Mercado Livre, o Itaú BBA entende que essa associação permite ao marketplace ganhar mais tração no segmento de Beleza, uma categoria de margens elevadas, em que produtos de pequeno porte e alto valor agregado ajudam a diluir os custos de logística.

“Beleza é um ponto chave de crescimento para o Mercado Livre”, destacam os analistas. Eles estimam que a categoria represente 7% do volume bruto de mercadorias (GMV) da operação brasileira do marketplace, que movimentou cerca de US$ 1,7 bilhão no segundo trimestre de 2024.

O relatório também ressalta que o Meli vem ampliando sua oferta nesse espaço por meio de parcerias com outras grandes marcas do setor, como Eudora, L’Oréal e o Boticário. E observa que a estratégia vem rendendo resultados tangíveis.

Nessa direção, o Itaú BBA cita dados como o crescimento de mais de 80% do GMV da categoria de cosméticos no segundo trimestre. No mesmo período, o segmento de cuidados com a pele e cabelos teve um salto de 35%.

Os analistas acrescentam que, em um cenário semelhante aos padrões já observados em outras categorias na plataforma, como Mercearia e Vestuário, os consumidores de produtos de beleza estão aumentando sua recorrência no marketplace.

As ações do Mercado Livre registravam ligeira queda de 0,02% na Nasdaq por volta das 10h50 (horário local), dando à empresa um valor de mercado de US$ 103,2 bilhões. Já os papéis da Natura, avaliada em R$ 21,3 bilhões, estavam sendo negociados com alta de 0,20% por volta das 11h45, na B3.