Se o dia não foi bom para o mercado acionário pelo mundo após a divulgação dos dados sobre a inflação nos Estados Unidos, ele foi particularmente ruim para o grupo das seis maiores big techs americanas: Apple, Microsoft, Amazon, Alphabet, Meta e Nvidia.

As seis empresas registraram uma perda de mais de US$ 500 bilhões em valor de mercado no pregão desta terça-feira, dia 13 de setembro.

O índice Nasdaq fechou o pregão com queda de 5,16%, aos 11.633,57 pontos. O Nasdaq 100, que acompanha as 100 maiores empresas da bolsa eletrônica, recuou 5,54%, aos 12.033,62 pontos. Todas as companhias deste sub-índice, carregado com empresas do ramo de tecnologia, fecharam em baixa. 

Entre as big techs, a Apple perdeu US$ 154,1 bilhões em valor de mercado, que foi para US$ 2,4 trilhões. As ações caíram 5,87%, a US$ 153,84, pior desempenho dos papéis desde setembro de 2020. 

Quem também teve o pior resultado em dois anos foi a Microsoft, cujas ações recuaram 5,50%, para US$ 251,99. Seu valor de mercado diminuiu em US$ 109,3 bilhões, para US$ 1,8 trilhão. 

A Amazon terminou o dia com baixa de 7,06%, a US$ 126,82, pior retração desde maio de 2022, resultando numa perda de US$ 98,1 bilhões em valor de mercado, que foi para US$ 1,2 trilhão. A Nvidia fechou o dia com queda de 9,47%, a US$ 131,31, com perda de US$ 34,2 bilhões em valor de mercado, para US$ 327,2 bilhões

A Meta viu o valor de mercado recuar US$ 42,5 bilhões, para US$ 411,5 bilhões, com as ações fechando o dia com retração de 9,37%, a US$ 153,13. E a Alphabet, dona do Google, registrou uma perda de US$ 85,3 bilhões em valor, para US$ 1,3 trilhão, e as ações diminuindo 5,86%, para US$ 105,31. 

O mercado americano registrou o pior pregão desde 11 de junho de 2020 depois que o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) frustrou as expectativas dos economistas, mostrando uma alta de 0,1% em agosto ante julho. A mediana das projeções apontava para uma queda de 0,1%.

Em 12 meses, o indicador mostrou uma desaceleração na alta dos preços, de 8,5% para 8,3%. Mas isso foi insuficiente para acalmar os investidores, que temem que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) possa adotar uma postura ainda mais dura na política monetária. 

Um aumento de juros é particularmente problemático para companhias que se encaixam na categoria de growth, muitas delas do setor de tecnologia, porque suas ações são baseadas em expectativas futuras de resultados.

O aperto monetário acaba prejudicando as perspectivas de fluxo de caixa dessas empresas, além de afetarem os índices de endividamento, geralmente altos para financiar o ritmo intenso de crescimento. 

Ainda que sejam grandes e com uma base de negócios robusta, as big techs também têm embutido nos preços de suas ações as perspectivas de crescimento no futuro, por isso acabam prejudicadas pela perspectiva de aumento dos juros. 

Os dados sobre a inflação de agosto são os últimos números que os membros do comitê de política monetária do Fed, o Fomc, terão em mãos antes de se reunirem nos dias 20 e 21 de setembro, quando decidirão o rumo dos juros. A expectativa inicial era de que fosse anunciada uma alta de 0,75 ponto percentual na taxa de juros, a terceira dessa magnitude neste ano. 

Mas os dados mais recentes sobre inflação podem estimular os membros do Fomc a serem mais agressivos ou indicarem que vão manter os juros em patamares elevados por mais tempo do que o esperado. 

O fantasma do aumento de juros pelo Fed tem assombrado as empresas de tecnologia desde o começo do ano. Com a queda de hoje, esta foi a sétima vez em 2022 que o Nasdaq 100 terminou com retração de 4% ou mais.