O Bradesco começou a operar no México ao comprar a área de cartões da C&A há 12 anos. Neste período, conquistou mais de 3 milhões de clientes através de parcerias com grandes varejistas, como Shasa, Promoda, Bodega Aurrera, Del Sol e Woolworth (além da C&A, é claro).

Nesta quinta-feira, 25 de agosto, o Bradesco deu seu passo mais ousado no México ao anunciar a compra da Ictineo Plataforma, por um valor não revelado. O negócio ainda precisa ser aprovado pelas autoridades regulatórios do México e do Brasil.

Com a transação, o Bradesco ganha a licença de uma instituição financeira popular (Sofipo) e poderá distribuir novos produtos no México, como conta digital e de investimento, bem como crédito consignado.

“Queremos nos tornar um dos maiores bancos digitais do México”, diz Alexandre Monteiro, diretor da Bradescard no México, em entrevista ao NeoFeed.

A tese do Bradesco é de que o México ainda é um mar azul quando o assunto é banco digital. A penetração de contas de neobanks é de apenas 0,8% no País, segundo Monteiro. No Brasil, é de 13%. Outro dado é a penetração de crédito, que é de 41% do PIB. Por aqui, ultrapassa os 80%.

O plano de Bradesco é oferecer mais serviços financeiros para a base de usuários de cartões de crédito. Mas também se lançar em mar aberto na busca por novos consumidores. “Queremos pegar esse mar azul e crescer”, afirma Monteiro.

Sem dar números, Monteiro diz que pretende crescer a carteira atual no México em mais de cinco vezes nos próximos cinco anos. Na área de cartões, os planos são também de aumentar o número de parceiros e de lojas. Hoje, são 490 lojas. Até o fim deste ano, a meta chegar próximo de 800.

A Bradescard México tem planos futuros para realizar a distribuição de outros produtos, como financiamento de automóveis e crédito imobiliário.

Para disputar o mercado digital mexicano, o Bradesco vai encontrar um velho conhecido do Brasil: o Nubank. A empresa com 2,7 milhões de clientes no México. E essa base tem crescido rapidamente. No segundo trimestre, ela avançou seis vezes, na comparação com o mesmo período do ano passado.

Marca

Neste primeiro momento, o Bradesco vai usar a marca Bradescard. Mas Monteiro avisa que isso pode ser alterado no futuro. No Brasil, o banco tem três marcas que atuam neste universo: Next, Bitz e Digio.

Em recente entrevista ao NeoFeed, Octavio de Lazari Junior, CEO do Bradesco, disse que o plano é unificar as três marcas, mas que não tem pressa para fazer isso.

“Já está em cima da mesa todo o estudo que como poderia haver uma união desses negócios e onde essa união seria mais adequada e eficiente. Mas isso não deve acontecer nem em 2023 ou 2024. É algo que vai ficar mais para frente”, disse Lazari Junior.