Com um cenário competitivo favorável no segmento de telefonia móvel, a TIM Brasil fechou 2023 atingindo um recorde do lucro tanto no acumulado do ano, quanto no quarto trimestre.
A operadora de telefonia fechou o quarto trimestre com um lucro líquido normalizado, que exclui os efeitos de itens não recorrentes, de R$ 900 milhões, um aumento de 52,6% em relação ao mesmo período de 2022. Em 2023, o lucro foi de R$ 2,7 bilhões, crescimento de 50,4%.
A TIM Brasil bateu também recorde na linha do Ebitda normalizado, que somou R$ 11,7 bilhões em 2023, alta de 14,2%. A margem Ebitda subiu 1,5 ponto percentual, para 48,9%. No quarto trimestre, o Ebitda aumentou 7,5%, para R$ 3,1 bilhões, com a margem subindo 0,3 ponto percentual, a 50,2%.
O desempenho é fruto da receita com serviços móveis. A consolidação do mercado, com a saída da Oi do mercado móvel e a migração de seus clientes, abriu caminho para a TIM e a concorrência reajustar para cima os preços dos planos, garantindo assim a rentabilidade dos planos – telefonia móvel responde por mais de 90% da receita da TIM.
No segmento móvel, a receita média mensal por usuário (ARPU) normalizada atingiu o maior valor da história recente da companhia no quarto trimestre, alcançando R$ 31,10, uma expansão de 16% na comparação anual. A receita do segmento subiu 7,6% no trimestre, para R$ 5,7 bilhões, e avançou 11,1% no acumulado do ano, para R$ 21,8 bilhões.
Depois de aumentar os preços nos planos pós-pagos, a TIM ajustou a recarga mínima nos planos pré-pagos, de R$ 30 para R$ 34 no quarto trimestre. Em relatório publicado no final de janeiro, o Bank of America (BofA) afirmou que este foi o primeiro reajuste de preços feito pela companhia no plano mais básico da modalidade pré-paga em anos, fechando a distância entre ele e outros planos.
Com isso, a receita líquida consolidada subiu 7% no quarto trimestre, para R$ 6,3 bilhões. E avançou 10,6% no ano, para R$ 23,9 bilhões. “Se você pegar o cenário competitivo e as dinâmicas competitivas do Brasil, houve uma evolução tanto do ponto de vista da oferta, dos provedores de serviços, como do cliente”, diz Alberto Griselli, CEO da TIM Brasil, ao NeoFeed.
Segundo ele, além da questão competitiva, os clientes passaram a buscar planos com mais qualidade a preços acessíveis, deixando de priorizar apenas valores mais em conta. Ao apresentar uma oferta com “um valor incremental maior”, agregando serviços como assinatura de streamings, a TIM consegue atrair clientes e precificar os planos em bons patamares.
“Temos a oportunidade de ofertar algo a mais aos clientes e pedir algo a mais, dentro de uma estratégia chamada more for more”, diz Griselli.
A combinação de um mercado mais racional em termos competitivos e um cliente que busca pacotes completos, e está disposto a pagar por isso, abre caminho para eventuais reajustes de preços em 2024. “Dar mais valor para o cliente cria as condições necessárias para depois, eventualmente, fazer ajustes no futuro”, diz Griselli.
O espaço para reajustes vem num momento muito mais favorável da economia brasileira. Depois de um janeiro e fevereiro em linha com o histórico, meses mais fracos em função das férias e do Carnaval, a TIM vê boas perspectivas para 2024, com aceleração do desempenho.
“A tendência de redução da Selic e inflação em trajetória de melhora são dois fatores bastante positivos para o setor, tanto do ponto de vista de receita quanto de dinâmica de custo”, afirma Griselli. “A TIM está começando em linha com o que esperávamos para este ano.”
Três "avenidas" de crescimento
Com a parte móvel, o cash cow da TIM Brasil, bem encaminhada, ainda que Griselli aponte que há trabalho a ser feito para capturar todas as sinergias da compra dos ativos da Oi, a companhia vê a banda larga como uma das prioridades para 2024 e os próximos anos, considerando o fato de deter um market share de apenas 2%.
Nesta frente, a ordem é crescer sem perder rentabilidade, considerando a pulverização do mercado e a guerra competitiva que a empresa finalmente conseguiu escapar na parte móvel. No quarto trimestre, a receita de serviços fixos cresceu 1,6%, para R$ 329 milhões.
“Considerando nossa participação de 2%, banda larga é uma oportunidade de crescimento, porque dada a força da marca, nossa credibilidade no mercado, podemos ter um crescimento de market share acima de 2%, mas não vamos crescer por crescer”, diz Griselli.
Segundo ele, a TIM deve adotar uma estratégia orgânica de crescimento da banda larga, ainda que aquisições possam acontecer.
Sobre a possibilidade de comprar a carteira de clientes de banda larga fixa da Oi, anunciada pela companhia nesta terça-feira, 6 de fevereiro, Griselli disse que a TIM está olhando “todas as oportunidades”, mas que ativos desse porte são complexos.
A segunda diretriz de crescimento é a frente B2B, com oferta de serviços de conectividade para empresas e mais para frente com a disponibilização de soluções na linha de internet das coisas (IoT).
Com quase dois anos, a vertical fechou o terceiro trimestre com R$ 300 milhões em contratos de serviços assinados, com foco nos segmentos de agronegócio, logística e infraestrutura, mas que ainda não têm peso sobre os resultados.
A terceira vertical de crescimento cuja receita ainda está para aparecer é de serviços para consumidores dos serviços móveis, com a oferta de produtos fora do segmento de telecomunicações.
A TIM já conta com parcerias com C6 para oferta de serviços financeiros, ainda que os termos da parceria sejam tema de arbitragem, e também com a Descomplica para educação. A ideia é seguir expandindo o portfólio de produtos.
As ações da TIM fecharam o pregão de terça-feira, 6 de fevereiro, com alta de 1,45%, a R$ 18,15. No ano, elas acumulam alta de 1,2%, levando o valor de mercado a R$ 43,8 bilhões.