Depois de resgatar o Credit Suisse no começo do ano passado, o UBS está “arrumando” a situação deixada pelo então concorrente, cuja solvência ficou em xeque após uma série de escândalos resultarem na debandada de clientes e sua posterior venda.

Numa medida para pôr um ponto final aos problemas que resultaram na derrocada do Credit Suisse, o UBS anunciou na segunda-feira, 17 de junho, uma proposta para o caso envolvendo a Greensill Capital se oferecendo a ressarcir parte dos recursos ainda retidos em fundos de investimento ligados à gestora britânica que atuava com financiamentos.

O banco ofereceu reembolsar antigos clientes do Credit Suisse em até 90% de suas participações remanescentes no fundo. Para isso, o UBS fará uma provisão de US$ 900 milhões no resultado do segundo trimestre. O Credit Suisse já devolveu mais de US$ 7 bilhões em recursos aos investidores, segundo informações da agência Dow Jones.

“A oferta visa dar segurança aos investidores do fundo, saída acelerada de suas posições e alto nível de recuperação financeira”, diz trecho do comunicado.

Centenas de clientes de alta renda do Credit Suisse foram prejudicados pelo colapso da Greensill, em 2021, gestora que atuava com financiamento da cadeia de fornecedores e com quem o banco suíço tinha um fundo de US$ 10 bilhões. Fundada pelo australiano Lex Greensill em 2011, a empresa contava com o apoio do SoftBank e a assessoria do ex-primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron.

A Greensill teve problemas quando não conseguiu renovar os seguros dos empréstimos, diante das constatações de que muitas operações eram de baixa qualidade e em meio a acusações de que várias apólices de seguro foram obtidas de forma fraudulenta.

O caso acertou em cheio o Credit Suisse, que, poucas semanas depois, teve de lidar com outro caso, o do family office Archegos Capital Management, de Bill Hwang. A falha no pagamento de chamadas de margem em algumas operações teve um impacto de 4,4 bilhões de francos suíços (US$ 4,7 bilhões à época) no banco.

A situação minou a credibilidade do Credit Suisse, resultando na debandada de clientes de alta renda da área de wealth management – nos últimos três meses de 2022, os clientes retiraram 111 bilhões de francos suíços (US$ 120 bilhões na ocasião) do banco.

Apesar de ter apresentado um plano para reestruturar suas operações, o Credit Suisse acabou incorporado pelo UBS, em março de 2023, numa operação que totalizou US$ 3,2 bilhões e que contou com o apoio das autoridades da Suíça.

A compra acabou concluída em junho do mesmo ano, resultando num gigante com balanço patrimonial de US$ 1,6 trilhão, administrando US$ 5 trilhões em ativos financeiros.