A Omie acaba de concluir a maior rodada em uma startup brasileira em 2025 (até agora). A empresa, que fornece software de gestão online para PMEs, levantou R$ 855 milhões em um aporte liderado pelo Partners Group.

O aporte é majoritariamente secundário, dando saída parcial a todos os fundos que investiram na Omie. Entre eles estão Softbank, Riverwood Capital, Astella, Tencent, Dynamo, HIX Capital, Bogari Capital e Brasil Capital, entre outros investidores.

“O mais simbólico dessa rodada é que ninguém está saindo. Todos os investidores anteriores estão dobrando a aposta. Isso mostra a confiança no nosso plano de longo prazo”, diz Marcelo Lombardo, cofundador da Omie, ao lado de Rafael Olmos, ao NeoFeed.

Esse é o primeiro aporte, no Brasil, de growth equity do Partners Group, uma gestora suíça de private equity que tem US$ 170 bilhões de ativos sob gestão e atua na região latino-americana desde 2012. Entre seus ativos estava o Hortifruti Natural da Terra, vendido para a Americanas, em 2021.

“Acreditamos que a Omie está posicionada de forma única para liderar a transformação digital das PMEs no Brasil. O modelo escalável, aliado à forte cultura de inovação, nos dá confiança de que este é o momento certo para acelerar”, afirma Tiago Andrade, head de private equity da Partners Group na América Latina.

Com um ARR (Receita Anual Recorrente, do inglês) de R$ 600 milhões, a Omie gera caixa desde junho de 2023. Seu último aporte foi em 2021, quando levantou R$ 580 milhões. O valuation desta rodada é de US$ 700 milhões (pre-money), valor 70% acima do anterior.

O Partners Group, que lidera a rodada, está investindo R$ 570 milhões. O valor restante virá de outros investidores, cujos nomes não foram divulgados. Uma parte pequena será primária, mas esse número ainda não foi definido. De acordo com Lombardo, a Omie ainda tem caixa da rodada Série C.

Com 180 mil clientes, passam pelo software de gestão online da Omie R$ 35 bilhões mensais em notas fiscais, o que significa aproximadamente 3,5% do PIB brasileiro.

A startup cresceu de forma acelerada ao definir como seu canal prioritário de vendas escritórios de contabilidade. Ao longo do tempo, foi agregando serviços financeiros ao seu software de gestão online.

Na visão de Lombardo, a startup mantém sua taxa de crescimento – entre 30% e 40% anual – sem precisar criar outras avenidas de receitas.

“Operamos em um mercado gigantesco de quase 20 milhões de PMEs, sendo que 6 milhões são nosso alvo principal”, diz Lombardo. “E, ainda hoje, 80% dos clientes que conquistamos vêm do Excel, papel, caneta e afins.”

A meta da Omie é atingir US$ 1 bilhão de faturamento e 1 milhão de clientes até 2031. Dois pontos devem ajudar a startup a alcançar esse número.

O primeiro deles é a inteligência artificial. A companhia lançou uma versão de seu software de gestão que funciona pelo WhatsApp, o que deve ajudar a eliminar a fricção na adoção da tecnologia e aumentar a sua base.

O outro ponto que deve acelerar a adoção de sistemas de gestão online, de acordo com Lombardo, é a reforma tributária. “Ela afeta toda a comunidade de contadores e o mercado. Vai ser uma revolução que vai levar a pequena empresa para a digitalização.”

Mais investimentos em growth equity

O aporte na Omie é o primeiro de uma estratégia nova da Partners Group na América Latina, na qual deve apostar em empresas de alto crescimento, buscando sempre fatias minoritárias.

O alvo são empresas com uma receita de R$ 150 milhões, crescendo acima de 30% ao ano e com margens brutas altas. O foco é software, como é o caso da Omie, mas também serviços de informações e análise de dados.

Os cheques podem variar de US$ 50 milhões a US$ 150 milhões. O sweet spot é entre US$ 80 milhões e US$ 100 milhões. “Nossa ambição é dar saída para os investidores”, diz Andrade. O dinheiro virá de um fundo global, que tem US$ 15 bilhões para investir.

O objetivo de Andrade é conseguir atrair entre 2% e 3% dos recursos para a América Latina, o que significa algo entre US$ 300 milhões e US$ 500 milhões para investir em até quatro anos. “É razoável imaginar um investimento como esse (o da Omie) por ano”, diz Andrade.