Fundada em 2014, a Trocafone é uma das pioneiras na compra e venda de smartphones seminovos e recondicionados no País. De lá para cá, a startup atraiu US$ 56,6 milhões em 8 rodadas de investimento e vendeu 1,4 milhão de dispositivos.
Para seguir desbravando esse conceito ainda relativamente novo no Brasil, a empresa quer ampliar sua base de aparelhos à disposição dos consumidores. E para isso, está negociando a participação em programas de leasing de smartphones que unem fabricantes e instituições financeiras.
“Para que um programa como esse funcione é preciso ter um parceiro que cuide dos aparelhos seminovos envolvidos nessa equação”, diz Guille Freire, cofundador e CEO da Trocafone, ao NeoFeed. “Esses acordos vão permitir acelerar os volumes e dar mais escala à nossa oferta.”
Embora não revele se já existe algum acordo fechado nessa direção, Freire ressalta que a startup está em negociações avançadas com os principais fabricantes e bancos do País para participar de projetos nesses moldes.
“Esse modelo começou a ser oferecido em países como Estados Unidos há cerca de um ano, mas no Brasil, ainda é muito recente”, explica Freire. “A maioria dos fabricantes e bancos começou a pensar em ofertas locais agora e estamos participando de todas essas conversas.”
Até o momento, a única iniciativa oficial no País foi lançada em agosto e é fruto de uma parceria entre a Apple e o Itaú Unibanco. Batizado de iPhone pra Sempre, o programa permite comprar um iPhone com 21 parcelas mensais de R$ 140, que equivalem a 70% do valor do aparelho.
No fim do prazo, o consumidor tem três opções: ficar com o iPhone, pagando os 30% restantes; devolvê-lo; ou trocá-lo por um modelo mais novo. Outra gigante do setor, a sul-coreana Samsung é uma das marcas que já tem ofertas semelhantes nos Estados Unidos. É o caso do Samsung Access, lançado em junho e voltado, inicialmente, para os modelos Galaxy S20, S20+ e S20 Ultra.
O programa envolve uma assinatura mensal e facilita a troca do aparelho, sem custos, a cada nove meses. Procurada pelo NeoFeed, a fabricante não respondeu até o fechamento desta reportagem se tem planos para projetos desse porte também no Brasil.
Pacote adicional
À parte dessas negociações, a Trocafone tem outros planos em curso, especialmente na oferta de produtos e serviços no entorno do seu negócio principal. O primeiro deles é estender a oferta de seguros contra quebra acidental, roubo e furto, hoje disponível para sua base, a todo o mercado, a partir de 2021.
Outro projeto previsto para o primeiro trimestre de 2021 envolve reparos de celulares. A oferta se dará em duas modalidades. A primeira, por meio dos 15 quiosques da empresa distribuídos nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. “Também estamos montando uma estrutura para prestar esse serviço na casa dos consumidores, inicialmente, em São Paulo e no Rio de Janeiro”, diz Freire.
Com 450 funcionários, a Trocafone tem um centro de reparos em Barueri (SP), onde recondiciona os aparelhos antes da venda, feita pelo site da companhia. Em média, os smartphones são comercializados com um desconto entre 35% e 40% do valor original.
O site é também o canal para quem quer vender seu celular usado. Basta fazer um cadastro e receber uma proposta da startup. Caso ela seja aceita, a Trocafone tem um serviço de coleta em São Paulo e no Rio de Janeiro. E nas demais cidades, oferece frete grátis para o envio do aparelho.
Outra opção é a parceria que a empresa mantém com mais de 6 mil lojas de varejistas como Magazine Luiza, Lojas Americanas e Fast Shop, além de operadoras como a Vivo. Nesses canais, o consumidor pode dar seu aparelho velho como parte do pagamento de um novo. A Trocafone recolhe, recondiciona e revende os dispositivos antigos no mercado.
Em 2019, foram vendidos 206,7 milhões aparelhos seminovos em todo o mundo, segundo a IDC. Para 2023, a consultoria americana prevê um volume global de 332,9 milhões de unidades
Globalmente, o mercado de smartphones recondicionados e usados começa a ganhar escala. Em 2019, foram vendidos 206,7 milhões aparelhos seminovos em todo o mundo, segundo a IDC. Para 2023, a consultoria americana prevê um volume global de 332,9 milhões de unidades.
O Brasil ainda está alguns passos atrás nesse contexto. “Hoje, em média, os smartphones recondicionados têm uma participação de 3% do mercado oficial no País, cujo total varia entre 40 e 45 milhões de unidades por ano”, diz Renato Meireles, analista de mercado de dispositivos móveis da IDC.
Apesar da fatia ainda incipiente, Meireles ressalta que o segmento começou a avançar, de fato, nos últimos dois anos e tem boas perspectivas à frente. “Por conta do aumento do dólar, que eleva o preço médio do smartphone novo na ponta, essa é uma alternativa cada vez mais atraente para quem quer ter um aparelho mais atualizado, por um valor mais acessível.”
Segundo Freire, a Covid-19 também deu fôlego ao segmento. “A pandemia fez com que as pessoas buscassem alternativas mais econômicas de consumo, incluindo os celulares”, diz. “Nossa previsão é fechar o ano com um crescimento de 40% e um volume de 500 mil aparelhos vendidos.”
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