Muitas healthtechs têm recorrido a parcerias com operadores de planos de saúde para ganhar escala. Nas últimas semanas, a Zenklub entrou nesse mercado de saúde suplementar ao firmar acordos com as operadoras Omint e Vivest.

Com essas duas parcerias, a plataforma de atendimento online para psicólogos e outros profissionais de saúde mental “ganhou” 300 mil pacientes aptos a realizarem consultas e sessões de terapia com os profissionais da sua plataforma. A expectativa é aumentar o número de potenciais pacientes vindos de planos de saúde para uma faixa de 5 milhões a 7 milhões dentro de um período de até cinco anos.

Nesse meio tempo, a Zenklub espera dobrar o número de vidas seguradas com acesso à plataforma a cada ano. “Isso ainda está na linha de novos negócios dentro da empresa. No longo prazo, dentro de cinco anos, essa frente deve representar 50% da receita”, diz Rui Brandão, cofundador e CEO do Zenklub, em entrevista ao NeoFeed.

Para dar conta do potencial aumento de demanda, nesse intervalo, a startup pretende investir cerca de R$ 30 milhões para desenvolver a plataforma tecnológica e treinar os profissionais que ficarão encarregados do atendimento aos pacientes de planos de saúde.

Da base de pouco mais de mil psicólogos que utilizam a plataforma para realizar atendimentos, 60 foram selecionados a dedo pela companhia para passarem por essa capacitação. A seleção levou em conta critérios como especialidade, tempo de atendimento e avaliação individual de cada profissional.

A entrada nos planos de saúde acontece a partir de uma decisão da Agência Nacional de Saúde de Suplementar (ANS). No ano passado, a ANS determinou que as operadoras não poderiam mais limitar a quantidade de consultas e sessões com psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e fisioterapeutas.

A partir dessa decisão, a Zenklub começou a estruturar um plano para firmar parcerias com as operadoras de saúde. Além de Omint e Vivest, a companhia está em fase final de assinatura de contrato com outras empresas. Os nomes ainda são mantidos em sigilo.

Em ambos os modelos, para gerar receita, a Zenklub fica com um take rate das consultas realizadas. “A gente quer ser recompensado pela redução de custos que gera nas operadoras”, diz Brandão. O executivo explica que o tratamento realizado por psicólogos pode ajudar na prevenção de doenças mais graves e que necessitam de consultas e tratamentos com cardiologistas e neurologistas, por exemplo.

Isso é importante em um momento de alta nos custos das operadoras. Dados da ANS mostram que o custo médio por beneficiário em planos individuais ou familiares aumentou 9,63% no segundo trimestre deste ano ante o mesmo período de 2022. Para efeito de comparação, considerando a média do ano de 2022 contra 2021, o aumento foi de 12,69%

Sem considerar os potenciais pacientes de planos de saúde, a Zenklub conta com cerca de 600 mil usuários que utilizam a plataforma para consultas e sessões com pouco mais de 1 mil profissionais de saúde mental cadastrados na plataforma.

A maior parte dos usuários - cerca de 400 mil - vem do B2B. Lançada em 2019, essa frente possibilita que empresas ofereçam sessões com psicólogos e outros terapeutas para seus funcionários como um benefício. Segundo a Zenklub, há acordos com cerca de 500 empresas. Entre elas, Volkswagen, Azul e XP.

Em relação à saúde financeira do negócio, a meta é atingir o breakeven até o fim do primeiro trimestre de 2024. Quando isso acontecer, a Zenklub deverá se movimentar em outras direções. A possibilidade de um novo aporte, que daria fôlego para aquisições, é discutida dentro da companhia para 2024.

Desde sua fundação, em 2016, a startup captou US$ 14,8 milhões com investidores como GK Ventures, Kamaroopin, Indico Capital, entre outros.

A Zenklub disputa espaço, principalmente no mercado B2B, com outras startups que trabalham com soluções de saúde mental com plataformas de telemedicina – e que também estão começando a firmar seus próprios acordos com as operadoras de planos de saúde.

Investida pela DNA Capital (gestora de venture capital e private equity fundada por Pedro Bueno, da família controladora da Dasa), a Cíngulo ampliou seu modelo de negócios no fim do ano passado – antes atuava exclusivamente com quadros emocionais como ansiedade e estresse – e começou a conversar com planos de saúde. Os detalhes dessa frente, porém, não são públicos até o momento.

Outra rival é a startup mineira Psicologia Viva. A companhia que em 2020 levantou R$ 6 milhões em aporte realizado pelo Neuron Ventures, veículo de corporate venture capital da Eurofarma, também aproveitou as mudanças da ANS e já trabalha com psicólogos que atendem Amil, Bradesco, Porto Seguro, Prevent Senior, Unimed (em determinadas unidades), entre outros.