Enquanto aguarda os trâmites para realizar a abertura de capital na Nasdaq em meados do segundo semestre deste ano, a plataforma de investimentos digital Webull deu o segundo passo para se estabelecer e crescer no Brasil, depois de desembarcar no País em fevereiro com a aquisição da corretora H.H. Picchioni.
A fintech americana anunciou na sexta-feira, 5 de julho, o lançamento de um cartão de débito e uma conta global, de olho na demanda do público brasileiro interessado em internacionalizar os investimentos e na oferta de serviços para quem quer realizar compras no exterior.
Em 2021, a Webull atingiu o status de unicórnio, tendo em seu cap table atualmente nomes como General Atlantic, Coatue e Lightspeed. Com mais de 40 milhões de downloads no mundo inteiro, o aplicativo está presente em 180 países, enquanto os serviços de corretagem estão disponíveis em dez deles.
“Conta global se tornou um must have [deve ter] e não mais to have [ter], porque nossos clientes estão mandando recursos para fora não só para fazer investimentos, mas também para ter acesso a uma conta que pode ser utilizada não apenas quando viajam, como também para dar mais segurança ao patrimônio deles”, diz Ruben Guerrero, CEO da Webull Brasil e diretor da plataforma para a América Latina, ao NeoFeed.
O cartão de débito terá a bandeira Mastercard, além de permitir transações de débito, remessas de real para dólar via Pix e saques fora do País. A liberação nesta fase será feita mediante inscrição na lista de espera e o cartão virá sem mensalidade ou taxa de manutenção.
Para conseguir seu espaço nesse segmento, em que nomes como Avenue e C6 já tem forte atuação, a Webull aposta em um programa de recompensas atrelado ao cartão de débito da conta global. Segundo Guerrero, trata-se de um diferencial importante, porque os demais players do Brasil têm programas de recompensas atrelados a cartões domésticos e internacionais, porém de contas no Brasil. Ele aponta ainda para o cashback em dólar, que cai na conta global e tem rendimento em dólar.
Guerrero destaca que a intenção da Webull não é concorrer no segmento de serviços bancários para o público que deseja viajar ao exterior, mas agregar um serviço à plataforma, que já inclui investimentos em ações, ETFs, opções e conta remunerada em dólar que rende 5% ao ano. “A conta global se torna mais um produto dentro da estratégia de ter uma plataforma completa”, afirma.
Na parte de investimentos, a compra da H.H. Picchioni ainda está em fase de aprovação no Banco Central (BC), mas a empresa já está trabalhando com a corretora para oferecer produtos e investimentos no mercado americano. Os clientes podem abrir contas de corretagem com a Webull nos Estados Unidos para investir em ações e opções.
“Em breve, vamos oferecer acesso a negociações de futuros no mercado americano e no começo do próximo ano vamos trazer a possibilidade de negociar no mercado brasileiro”, diz Guerrero.
Segundo ele, o Brasil é o primeiro país em que a Webull está lançando a conta global, uma demonstração da importância do País para a estratégia global da empresa, levando a empresa a também estabelecer um escritório em São Paulo. “Fizemos um grande investimento no Brasil, vamos continuar investindo no mercado e crescer as operações”, diz.
Por conta do processo de IPO, a empresa não abre os dados sobre a evolução da base de clientes no País, se limitando a dizer que há um forte crescimento. Quando deu início às operações no mercado local, a Webull contava com mais de 20 mil usuários inscritos em seu aplicativo, em que poderiam ter acesso a materiais de research e cotações de ativos.
Com o lançamento da conta e do cartão de débito global, mais o processo de aprovação da aquisição da H.H. Picchion em curso, a Webull começa a estudar novos lançamentos ao mercado brasileiro. Um deles é o serviço de assessoria de investimentos, para apoiar os clientes que precisam de orientação, algo que a companhia oferece em outros países.
Fundada em 2018 por Wang Anquan, que teve passagens por Alibaba e Xiaomi, a Webull ganhou força no período da pandemia, assim como a Robinhood, quando muitas pessoas passaram a operar na Bolsa, aproveitando que essas plataformas possuem baixas, ou nenhumas, taxas para corretagem.
No mesmo mês em que entrou no Brasil, a companhia anunciou ter entrado com um processo para abrir capital nos Estados Unidos através de uma SPAC a ser listada na Nasdaq, numa operação cujo valuation é de cerca de US$ 7,3 bilhões. Segundo Guerrero, a expectativa é de realizar a operação até o final do ano.