O Boston Celtics, atual campeão da NBA, esteve no Oriente Médio em road show. Enquanto a equipe de basquete participava de jogos da pré-temporada em Abu Dhabi, os executivos buscavam se conectar com os maiores investidores da região.
Colocado à venda há alguns meses pelo empresário americano Wyc Grousbeck, que comprou a franquia em 2002 por US$ 360 milhões, a ideia é atrair investidores capazes de fazer um aporte de milhões de dólares na equipe com o maior número de títulos da NBA - são 18 ao todo.
Entre os investidores cortejados está o Mubadala, fundo soberano dos Emirados Árabes, de acordo com fontes ouvidas pela Bloomberg. Mas, até o momento, não há nenhuma definição sobre um possível investimento do fundo soberano, apesar da empresa já ter demonstrado interesse em entrar na liga americana.
Apesar das oportunidades no esporte, grandes investidores do Oriente Médio estão relutantes em aceitar participações em equipes avaliadas a preços elevados, sem direito a influenciar a gestão, segundo a reportagem. Atualmente, os fundos soberanos podem deter até 20% de uma franquia da NBA.
Essa visão dos investidores causa um problema para os times americanos. Com as avaliações das equipes atingindo níveis recordes ano após ano, os empresários do Oriente Médio estão entre os poucos com recursos suficientes para adquirir participações nas equipes.
O Celtics se encaixa nesse perfil. Avaliado em US$ 5,1 bilhões pela Sportico, a venda do clube de Boston parece cada vez mais desafiadora - e cara. Com jogadores mais valorizados, o mercado espera que o time registre prejuízo no próximo ano, o que dificulta ainda mais o processo.
Além disso, a franquia também não possui uma arena própria, ativo considerado como importante fonte de receita para investidores.
Apesar do dinheiro dos investidores não estar fluindo da forma esperada, os times e a própria NBA têm se beneficiado da relação com o Oriente Médio por meio de patrocínios.
Neste ano, a liga realizou discussões com investidores soberanos do Catar, apresentando uma série de possíveis parcerias, incluindo a realização de jogos exibição no país e diversos acordos de direitos de mídia.
"Estamos explorando várias opções para continuar ampliando nossos esforços de engajamento de fãs na região do Golfo, onde há um interesse crescente na NBA", disse Mike Bass, porta-voz da liga.
Um exemplo da relação entre os países se dá pela parceria com a Emirates Airlines, que é a principal patrocinadora da NBA Cup, o torneio da temporada regular que estreou na temporada passada.
Do lado dos clubes, em meados de 2023, o Qatar Investment Authority adquiriu uma participação de 5% na Monumental Sports & Entertainment, holding que controla o Washington Wizards.
Na temporada deste ano, os uniformes do New York Knicks dão destaque para a promoção de Abu Dhabi como destino turístico. O time também tem sido cogitado a receber aportes provenientes do Oriente Médio.
Aposta do Mubadala nos esportes
O fundo soberano dos Emirados Árabes tem se envolvido em diversas conversas relacionadas a esportes. E algumas delas têm ligação com o Brasil.
No ano passado, o Mubadala participou da iniciativa da Liga Brasileira de Futebol (Libra), entidade criada em 2022 por sete clubes brasileiros. O fundo atraiu nomes como a CVC Capital Partners, um dos principais players globais de private equity, para suportar o desenvolvimento da liga, que ainda busca se firmar por aqui.
Além disso, o Mubadala adquiriu uma equipe na competição internacional de vela SailGP para representar o Brasil. Ela será a 11ª equipe do campeonato e a primeira da América do Sul.