A diversidade natural do Brasil oferece 8,5 quilômetros de litoral para os aficionados por navegação. Apesar desse potencial marítimo, os brasileiros não se destacam entre as nações com o maior número de barcos – e muito disso está relacionado ao poder econômico. Porém, nos últimos anos, o País vem se consolidado como uma potência quando o assunto é fabricação de iates de luxo.
Apenas no primeiro trimestre de 2025, o mercado de barcos nacional registrou alta de 220% nas exportações, segundo dados da Comex Stat, do Ministério do Comércio Exterior. Nesse cenário, o maior consumidor das embarcações são os Estados Unidos, de forma disparada. Na OKEAN Yachts, fabricante brasileira com dez anos de mercado, cerca de 60% da produção se destina ao território norte-americano.
Presente na 4º edição do Catarina Aviation Show com o OAKEN 57, seu menor iate, de 52 pés, a marca é conhecida por seus barcos “de anfitriões”, que tem como foco a recepção de convidados. Apesar de contar com até dois quartos em suas opções de design, o destaque fica para a área de convivência, que suporta 18 pessoas.
Nela, é possível rebaixar as laterais do iate para obter ainda mais espaço e uma vista livre do mar. Além disso, o barco conta com cozinha gourmet.
Com embarcações de até 100 pés, como a OKEAN 80, o apelido recebido pela marca só se reforça. Além do aumento do espaço, é possível instalar até pequenas piscinas, de acordo com o gosto do cliente. Com essas características, a marca desenvolveu três modelos de barcos ao longo de sua curta trajetória e investiu R$ 300 milhões na produção deles. Os preços das embarcações partem de R$ 10,9 milhões e chegam a R$ 72,9 milhões.
Por ano, são produzidos 20 barcos no estaleiro de Itajaí, em Santa Catarina. Até 2030, essa produção deve atingir 50 barcos por ano, ainda com foco no mercado internacional, conta ao NeoFeed Manuel Pires, diretor comercial da OKEAN Yachts. Segundo ele, essa estratégia se baseia no câmbio.
“Para a empresa se defender das oscilações do câmbio, é preciso focar na exportação. Grande parte dos materiais utilizados na produção dos barcos são importados e nós pagamos por eles em dólar ou mesmo em euro, ou seja, se nós dependermos apenas do real, teremos um risco muito grande”, explica o executivo. “É possível que essa balança seja positiva, mas nós preferimos não arriscar”.
Apesar disso, o consumo brasileiro segue em crescimento. Nos últimos anos, a participação dos compradores nacionais cresceu de 20% para 40% de forma orgânica.
Além da produção de seus próprios barcos, a OKEAN também é responsável pela fabricação das embarcações da Ferretti, marca italiana renomada no segmento. Pires afirma que essa parceria foi muito relevante para o desenvolvimento tecnológico das embarcações próprias, além de ser uma chancela para o consumidor internacional, que, na época, tinha pouco conhecimento sobre os fabricantes brasileiros.
“Nós trouxemos diversas tecnologias dos barcos italianos, que vão desde automações até designs que facilitam o dia a dia dos usuários”, explica Pires. “Antes dessa parceria, nós utilizávamos apenas peças fabricadas no Brasil, mas isso nos gerava consequências de manutenção ao exportar o produto. Agora, isso não é mais um problema.”
A marca, fundada pelo empreendedor Nércio Fernandes, um dos criadores da Linx, nasceu como um hobby da família, que sempre foi apaixonada pelo mundo do design e pelo mar. Ao começar a receber encomendas internacionais para seus barcos, até então de uso próprio, a família percebeu que existia um mercado e que era necessário ir atrás de profissionalização.