O mercado global de criptomoedas ultrapassou pela primeira vez a marca de US$ 4 trilhões, segundo a plataforma CoinGecko. O volume foi impulsionado pela disparada do Bitcoin, que renovou máximas ao superar os US$ 123 mil, e pela valorização das chamadas altcoins, como Ether e XRP.

O rali ocorre em meio ao avanço de legislações pró-cripto no Congresso americano, que aprovou a chamada Genius Act, que estabelece regras para stablecoins atreladas a moedas fiduciárias, como o dólar. A medida foi a primeira da agenda cripto do governo americano a ser aprovada pelas duas casas do Legislativo.

Outras duas propostas — uma que cria um marco regulatório para o mercado de ativos digitais e outra que proíbe a criação de moedas digitais por bancos centrais (CBDCs) — também avançaram na Câmara e aguardam votação no Senado.

O pacote é visto como um dos maiores passos rumo à institucionalização do setor. A expectativa é que fundos de Wall Street, até então reticentes diante da falta de clareza legal, comecem a alocar capital em criptoativos diante do novo ambiente regulatório.

No Brasil, onde o marco legal das criptomoedas foi estabelecido ainda em 2022, os fundos de investimento já vêm se aproveitando da forte valorização do ativo nos últimos anos. Esse movimento tem sido puxado especialmente pelos multimercados, com gestoras como Verde e Empiricus incorporando a tese em suas carteiras.

Essa maior segurança regulatória nos Estados Unidos também deve impulsionar o lançamento de uma nova esteira de produtos do lado dos bancos. Nessa linha, executivos do Bank of America, Citigroup e JPMorgan Chase já indicaram que pretendem lançar suas próprias stablecoins assim que a nova legislação for sancionada.

As stablecoins representam um mercado de US$ 266,6 bilhões, com as criptomoedas pareadas em dólar representando mais de 90% desse montante. Embora seja apenas uma fração de todo o valor de mercado do setor, é a categoria que possui os maiores volumes de negociação.

De acordo com a CoinGecko, as stablecoins têm movimentado cerca de US$ 250 bilhões por dia, o que representa 75% de toda a negociação diária das criptomoedas. O Tether, que é a principal stablecoin do mundo, é 243% mais negociado que o Bitcoin, embora tenha apenas 7% de valor de mercado.

Esse maior volume de negociação das stablecoins é explicado por sua maior utilidade na economia real, como para o envio de remessas para o exterior. Já em outros mercados, como o de Bitcoin, há maior presença do holder, que mantém por anos o ativo na carteira esperando por uma eventual valorização.

Desde o início do ano, o valor de mercado das criptomoedas já cresceu cerca de US$ 600 bilhões. O Bitcoin, que puxou quase todo o movimento, se valorizou 25% no período.

O movimento tem contado com forte apoio político da Casa Branca. Desde as eleições, o presidente Donald Trump tem se posicionado como um dos principais aliados do setor, ao lançar tokens digitais e nomear entusiastas da tecnologia para cargos estratégicos em Washington.

Durante seu novo mandato, os processos movidos contra empresas como Coinbase, Binance e Crypto.com foram arquivados, marcando uma inflexão na postura do governo em relação ao setor em comparação com os anos da administração Biden.

Além dos projetos que ainda faltam ser votados no Senado, Trump prepara uma ordem executiva que deve abrir o mercado de aposentadoria dos Estados Unidos, estimado em US$ 9 trilhões, para criptoativos e outros investimentos alternativos.

Com a agenda cripto ganhando corpo nos Estados Unidos, as apostas de que a alta do Bitcoin ainda está longe do fim ganharam força no mercado de derivativos, mesmo em patamares recordes.

Segundo dados da Deribit consultados pela Bloomberg, há um volume elevado de opções no mercado americano apostando que o Bitcoin ultrapassará os US$ 130 mil até 1º de agosto, quando vencem esses derivativos.