O segmento de streaming promete ser um dos principais campos de batalha no mercado global em 2021. E para ganhar terreno e reforçar suas linhas nesse front, a americana Roku parece já ter escolhido suas armas.

A empresa está negociando a compra do catálogo do Quibi, aplicativo cujo plano era ser uma espécie de Netflix para smartphones, mas que anunciou o fim de suas operações em outubro passado. As conversas ainda são preliminares e nenhum valor foi divulgado, segundo reportagem do The Wall Street Journal.

Semanas antes da estreia do Quibi, realizada em abril de 2020, seu fundador, Jeff Katzenberg, que foi também presidente da Disney e idealizador da DreamWorks, disse que a plataforma já tinha pronto 175 shows originais, totalizando 8,5 mil capítulos.

Fazem parte do catálogo da empresa séries como o suspense “Most Dangerous Game”, protagonizado pelo ator australiano Liam Hemsworth; a comédia “Dummy”, estrelado por Anna Kendrick; e o reality show “Chrissy’s Court”, com a modelo Chrissy Teigen, esposa do músico John Legend.

Caso chegue a um acordo para adquirir todo o conteúdo original do Quibi, a Roku deve usar essa programação para turbinar o Roku Channel, canal que disponibiliza gratuitamente a todos os seus usuários.

“O fato de não ter sido capaz de atender às expectativas de crescimento não significa que o conteúdo do Quibi seja inútil”, diz Alejandro Rojas, diretor de análise da Parrot Analytics, uma agência americana que mensura a popularidade de filmes e shows, em entrevista ao NeoFeed.

Na avaliação de Rojas, a programação do aplicativo inclui uma lista de artistas de primeira linha que, por si só, atraem uma boa audiência. “A Roku pode usar o conteúdo da Quibi para continuar expandindo sua biblioteca de conteúdo e monetizar ainda mais com seu público recorrente”, afirma.

Fundada em 2008 pelo empresário inglês Anthony Wood, a Roku tem capital aberto na Nasdaq desde setembro de 2017 e está avaliada em US$ 40,4 bilhões. Com seu player de streaming, a companhia tem 46 milhões de espectadores ativos nos Estados Unidos.

Tal qual o Fire TV Stick, da Amazon, e a Apple TV, o aparelho da empresa é plugado em televisores e funciona como uma espécie de “hub de conteúdo”, pelo qual os espectadores conseguem acessar os principais serviços de streaming, como Netflix, HBO Max, Hulu, Disney+ e outras.

Já o Quibi foi lançado em abril de 2020, com um aporte de US$ 1,8 bilhão dos maiores estúdios de cinema, como MGM, Lionsgate, Sony Pictures, NBCUniversal, Disney e outros. O nome do aplicativo vem de “quick bites”, ou “mordiscadas”, e resume o conteúdo curto, de no máximo 10 minutos, feito para entreter quem espera um elevador, o ônibus ou o café.

Entretanto, em outubro, pouco mais de seis meses depois de ir ao ar com a promessa de revolucionar o consumo de conteúdo no celular com essa proposta, a plataforma encerrou suas atividades por não conseguir atingir suas metas de público.

“Nosso fracasso não foi por falta de tentativas”, afirmaram o fundador Katzenberg e a CEO Meg Whitman, em carta divulgada a investidores e funcionários na época. “Nós consideramos e esgotamos todas as opções disponíveis.”

Entre outras razões para o fracasso do app, a dupla e analistas apontaram o lançamento durante a pandemia, que trouxe mudanças de hábitos nos hábitos e na relação com o celular, e uma disputa jurídica sobre as patentes da tecnologia de streaming usada na plataforma.

Antes de naufragar de vez, o Quibi anunciou que iria buscar a venda dos direitos de parte do seu conteúdo para reduzir o prejuízo dos investidores. E chegou a iniciar as negociações do seu catálogo com o Facebook e a NBCUniversal, que lançou há um mês a Peacock, sua plataforma de streaming.

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