Em um contraponto às polêmicas nas quais esteve envolvido nos primeiros meses de 2021, o aplicativo de investimentos Robinhood, popular entre investidores de varejo, optou pela discrição ao protocolar um registro confidencial de oferta pública inicial na Nasdaq, nesta terça-feira, 23 de março.
Segundo a agência Bloomberg, a companhia bateu o martelo e o IPO pode acontecer já no segundo trimestre desse ano. Entretanto, a data para a abertura de capital ainda não está confirmada.
Dado o segredo em torno da oferta, não está claro se o Robinhood vai optar por uma listagem direta ou por um IPO tradicional. O banco Goldman Sachs foi contratado para assessorar a empresa nesse processo.
No fim de 2020, o aplicativo superou a marca de 13 milhões de usuários. E, desde a sua fundação, em 2013, já captou US$ 5,6 bilhões, em mais de 20 rodadas, junto a fundos como Sequoia Capital, DST Global e Andreessen Horowitz. Em setembro do ano passado, a empresa foi avaliada em US$ 11,7 bilhões.
O IPO dá sequência a uma agenda que, em 2021, tem sido intensa para o aplicativo. O Robinhood esteve no centro da chamada “revolta das sardinhas”, movimento no qual usuários do fórum online Reddit orquestraram uma ação conjunta para valorizar as ações de empresas em dificuldades financeiras, como a varejista de videogames GameStop, causando prejuízos a fundos hedge.
A movimentação tomou proporções que a empresa não previu. O app bloqueou o acesso a determinadas movimentações e precisou captar US$ 3,4 bilhões de investidores, montante superior aos US$ 2,2 bilhões que havia captado até então. De acordo com a Bloomberg, as cifras envolvidas nesse financiamento serão convertidas em ações no IPO.
Na ocasião do bloqueio do acesso à plataforma, Vlad Tenev, CEO do aplicativo, afirmou que a decisão foi motivada por questões regulatórias da Securities and Exchange Commission (SEC), órgão regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos. Mesmo assim, milhões de usuários ficaram revoltados.
Tenev testemunhou perante o Comitê da Câmara dos EUA. E participou também de uma surreal discussão online com o influenciador Dave Portnoy, criador de um canal de esportes que se tornou porta-voz dos investidores de varejo. Foi chamado de rato, mentiroso e "traidor da causa". Manteve a compostura e tentou justificar as ações do Robinhood.