A Wiz está anunciando uma joint venture com a Galapagos Capital para a área de crédito em mais um movimento para reduzir sua dependência da Caixa.
A empresa já tinha uma parceria comercial com a Galapagos Capital desde outubro de 2019 para a área de home equity sob a marca Wimo. Agora, esse relacionamento está se transformando em uma empresa, que será comandada por Luis Moraes, que atuava como diretor da Wiz Soluções.
Na joint venture, a Wiz terá uma fatia de 50,1% da Wimo. Ao longo do tempo, essa participação pode se inverter, com a Galapagos Capital assumindo o controle, dependendo de alguns gatilhos operacionais que não foram divulgados.
“A Wimo deixa de ser um produto para se tornar uma empresa com controle compartilhado”, diz Heverton Peixoto, CEO da Wiz, em entrevista ao NeoFeed. “Ela vai unir nossa capacidade de distribuição com o know how financeiro e de produtos de crédito da Galapagos.”
A Wiz entra no acordo com sua força de distribuição, que soma atualmente quase 2 mil parceiros e mais de 23 mil pontos de venda. A Galapagos Capital, por sua vez, vai fazer a estruturação dos veículos para captar recursos por meio de Fundo de investimento em direitos creditórios (FIDCs).
“Agora, com a joint venture, vamos ter um time exclusivo e vamos pensar em novos produtos”, afirma Andrea Di Sarno, sócio da Galapagos Capital, gestora fundada por Carlos Fonseca, ex-sócio da C6 Bank e que atuou na área de private equity do BTG Pactual. Atualmente, a gestora tem R$ 3,5 bilhões de ativos sob gestão.
Com a Wimo, o objetivo é oferecer um portfólio de crédito mais robusto. Além do home equity, a empresa já começou a trabalhar com crédito para pessoas jurídicas com garantia de imóvel. Neste mês, começa a atuar em antecipação de comissões.
Em 2022, o plano é entrar também em crédito consignado privado e atuar no mercado secundário de consórcios, antecipando crédito para os clientes que deixaram de pagar as parcelas e só vão resgatar o valor desembolsado ao término do período contratado.
A meta da Wimo é ter uma carteira de crédito que pode chegar até a R$ 500 milhões em 2022. Até agora, a parceria comercial entre Wiz e Galapagos Capital recebeu mais de R$ 1,5 bilhão em solicitações e concedeu mais de R$ 150 milhões em operações de crédito de home equity.
“Estamos acelerando o volume de negócios e já estamos com 100 pessoas envolvidas na operação”, diz Luis Moraes, que assume como diretor- executivo da Wimo. Ao longo deste segundo semestre de 2021, os desembolsos realizados pela Wimo, em sua operação de home equity, atingiram uma média mensal de R$ 15 milhões.
Com a nova empresa, a Wimo passa a competir com as fintechs de crédito, bem como com os bancos tradicionais. “Mas o grande diferencial é a força de distribuição”, afirma Di Sarno, da Galapagos Capital. Peixoto, da Wiz, complementa: “Nenhuma fintech tem o tamanho dos canais de distribuição da Wiz.”
Diversificação
Com o fim da exclusividade da Caixa, uma parceria de 48 anos que se confunde com a própria história, encerrada em agosto deste ano, a Wiz tem buscado parcerias e joint ventures para vender seus produtos.
Já foram anunciadas associações como as com o Banco de Brasília (BRB), o Banco Inter e o Bmg e até com concessionárias de automóveis, a exemplo da Caoa.
Em setembro deste ano, a Wiz anunciou também uma joint venture com a LG Informática para criação de uma plataforma de benefícios, batizada de BenTech. O plano, nesse caso, é criar um marketplace que terá produtos de crédito, como consignado privado, seguros, previdência privada e até telemedicina.
A Wiz tem também acordo comercial com o Itaú para a distribuição de produtos na área de consórcios e financiamento imobiliário.
No terceiro trimestre de 2021, o primeiro sem a venda dos seguros da Caixa, a Wiz teve uma receita líquida de R$ 212,5 milhões, uma queda de 21,7% em comparação ao mesmo período do ano passado. O lucro líquido de R$ 25,8 milhões significou uma queda de 68,1%.
Neste ano, as ações da Wiz caem 7,5%. Na B3, a companhia vale R$ 1,3 bilhão.