O mercado de live commerce parece estar ganhando mais tração no Brasil. No fim de julho, a startup Livela anunciou a captação de um aporte que tinha entre os investidores a veterana do Vale do Silício Sukhinder Singh Cassidy. Agora foi a vez de outra empresa do segmento anunciar o recebimento de uma injeção de capital, a StreamShop.

O investimento seed de R$ 6 milhões na operação da startup fundada em 2020 por Marcio Machado, Lyana Bittencourt e João Brito foi feito pela G2A Investment Partners. A gestora com sede na Flórida, nos Estados Unidos, já investiu em startups como Digibee (que opera uma plataforma de transformação digital) e Drone Express (serviço de delivery por drones).

Este foi o primeiro investimento externo recebido pela StreamShop. No ano passado, a startup recebeu um aporte de valor não revelado do Grupo Bittencourt, consultoria especializada no desenvolvimento, gestão e expansão de redes de negócios criada e comandada por Lyana.

O dinheiro será utilizado para que a empresa amplie seu modelo de negócios, que hoje consiste em fornecer ferramentas para que diferentes empresas possam realizar lives para vender produtos e serviços. A carteira de clientes tem 45 empresas. Entre elas há nomes como Natura, L’oréal, Vivo, Banco Inter, ZeeDog, Basf.

“O live commerce sempre foi muito associado ao evento com hora e data marcada”, afirma Machado, CEO e cofundador da StreamShop, em entrevista ao NeoFeed. “O que a gente viu é que esse negócio é uma ferramenta de venda que pode ser utilizada em qualquer momento.”

No total, a StreamShop planeja investir R$ 15 milhões em sua operação, sendo R$ 6 milhões do aporte e o restante com o dinheiro que a companhia já tinha da rodada anterior e do capital gerado pela própria operação que terminou 2021 com números positivos em relação a lucro.

Para ganhar dinheiro, a companhia cobra assinaturas mensais dos clientes. O diferencial da StreamShop é a possibilidade do consumidor, a qualquer momento, interagir com vendedores através das lives (que funcionam quase que como chamadas de vídeo). Assim, é possível tirar dúvidas sobre um determinado produto da empresa.

Um exemplo neste sentido é a operação feita com a eVino, e-commerce de vinhos. De segunda até sexta-feira, durante um horário específico, um sommelier fica disponível em uma live em que é possível enviar perguntas para tirar dúvidas sobre a bebida e pedir indicações de rótulos.

“É um modelo que você consegue atender ao cliente de forma individualizada por vídeo e até fazer o carrinho para o cliente apenas ir diretamente para o pagamento”, afirma Machado. “O e-commerce virou uma operação self-service. Queremos levar o vendedor para dentro do site.”

Este conceito, que ganhou o nome de live shop, está em alta no mercado. Uma pesquisa da consultoria americana Research and Markets estima que as vendas por live commerce devem movimentar US$ 600 bilhões em vendas até 2027.

Outro diferencial é que a StreamShop permite que cada empresa personalize o serviço da forma como melhor atender o negócio. Enquanto a eVino disponibiliza um sommelier durante a maior parte do dia, a Natura, por sua vez, permite que revendedoras possam realizar suas próprias lives para vender os produtos da marca.

Para o futuro, os planos de crescimento da empresa envolvem a captação de mais um aporte, mas somente no ano que vem e quintuplicar o faturamento até 2024. O valor da receita, no entanto, é mantido em sigilo.

O que também está no radar é levar o serviço para empresas de fora do Brasil. América Latina é um dos alvos, mas uma expansão para clientes em Portugal já está em andamento com novos clientes. Os contratos devem ser firmados ainda neste ano.