Em meio à maré baixa dos investimentos de venture capital e à dificuldade de gestoras em captar, a Domo Invest está se preparando para começar a levantar o seu quinto fundo.
A gestora que tem como sócios-fundadores Rodrigo Borges (ex-Buscapé), Marcello Gonçalves e Felipe Andrade, vai começar a captar um novo fundo para investir em startups B2B, com a meta de levantar entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões.
O primeiro fundo para investir em startups B2B, o Enterprise I, levantou R$ 133 milhões e já fez 14 investimentos. Há recursos para apenas mais um investimento, que está perto de ser anunciado.
“Passada a eleição, o apetite para os ativos de risco vai voltar e, com a correção do mercado, os valuations estão mais baixos” diz Gonçalves, que é o managing partner do fundo B2B.
Desde que surgiu, em 2017, a Domo Invest já levantou quatro fundos. O primeiro deles, o Domo Ventures I, captou R$ 101 milhões. O Ventures II levantou R$ 120 milhões. A gestora tem ainda um fundo de investimento-anjo, ancorado pelo BNDES, que conta com R$ 147 milhões.
Ao mesmo tempo, a Domo Invest está “promovendo” Marcio Zarzur para o grupo de sócios controladores da gestora. Ele já tinha uma participação minoritária, mas está comprando a fatia de Gabriel Sidi, que era do time que fundou a Domo, e está deixando o negócio.
“Esse é o primeiro movimento para ter uma partnership na Domo”, afirma Zarzur. A gestora tem também como sócios minoritários Mario Letelier (também ex-Buscapé), Franco Pontillo e William Raposo.
Sidi, por sua vez, está criando a EXT Capital, para acelerar investimentos em startups de alta performance da Domo. A ideia é atuar desde planejamento financeiro, estruturação e coinvestimento em dívida ou equity (série A em diante). A EXT pretende investir R$ 100 milhões até o final deste ano.
A Domo Invest sai à "caça" de mais recursos em meio a uma crise do mercado de venture capital. De um lado, as gestoras estão mais cautelosas e reduziram a velocidade de investimentos. De outro, está mais difícil captar em meio ao aumento das taxas de juros globalmente.
A expectativa da gestora é contar com seu track record e sua base de investidores, todos eles brasileiros, para conseguir convencer os investidores a alocar recursos no novo veículo.
“Em 2017, quando captamos o nosso primeiro fundo, o cenário era bem pior na economia e mesmo assim conseguimos levantar”, diz Borges. “Hoje, já temos uma base de investidores.”
Zarzur completa. “Há um grupo de investidores que sempre reserva recursos para a classe de ativos de venture capital e somos um bom cavalo para apostar.”
O novo fundo, o Enterprise II, vai seguir a mesma estratégia de investir em startups que desenvolvam soluções que impactem a produtividade das empresas. A ideia é apostar em startups capazes de atingir diversos segmentos corporativos, como as áreas de logística, de recursos humanos ou de finanças.
Na área B2B, a Domo Invest já investiu em Rede Vistorias, FindUp, Logstore, Ramper, Delfos, PO27, Rocketmat, Trackage, Payhop, RadarFit, Stattus 4, EcoIT, Lingopass e Learn to Fly.
Perto de chegar ao seu centésimo investimento, a Domo Invest está começando uma estratégia para investir também mais pesado nas startups que estão indo bem em seu portfólio.
A tese da gestora é aportar recursos em rodadas seed, com cheques que variam de R$ 2,5 milhões a R$ 5 milhões. No fundo-anjo, o cheque é ainda menor: R$ 500 mil.
Para seguir investindo em empresas que podem crescer ainda mais – em vez de sair do investimento por conta do estágio em que atua –, a Domo Invest está organizando veículos especiais para seguir aportando recursos, os chamados SPVs (Special Purpose Vehicles).
O primeiro exemplo dessa estratégia é o SPV montado para o Meu Tudo, startup de crédito consignado público, fundada em 2017 por Marcio Feitoza e Felipe Oquendo.
Em maio de 2020, a Domo Invest fez um aporte seed de R$ 12 milhões na startup. Pouco mais de um ano depois, o Goldman Sachs investiu R$ 2,1 bilhões na fintech, em um negócio que envolveu equity e funding para sete FIDCs (fundo de investimento em direitos creditórios).
Agora, a Domo Invest está investindo mais de R$ 25 milhões na Meu Tudo, acreditando no potencial da empresa. “Além do Goldman, a fintech conta também com BTG e Itaú fornecendo funding”, diz Andrade.
A fintech cresceu na esteira dos aposentados do INSS, bem como nos saques aniversários do FGTS. De acordo com Andrade, a companhia se prepara para levantar uma série D.