Os coquetéis engarrafados e prontos para beber estão mostrando que não foram apenas uma tendência passageira que surgiu e desapareceu durante a pandemia. Embora o mercado brasileiro ainda seja pequeno em comparação com o exterior, as marcas nacionais deste segmento não param de brindar bons resultados.
A Small Batches, holding que detém a APTK Spirits e conta com o renomado bartender Ale D'Agostino como sócio, recentemente captou R$ 9 milhões em uma rodada de investimento concluída em março. O aporte teve 14 investidores, entre eles Carlos Moura, ex-diretor-executivo do Campari Group no Brasil, Marcello Gonçalves, sócio da Domo Invest, e Ricardo Natale, fundador e CEO do Experience Club.
“Me juntei ao projeto da APTK porque enxergo a marca como uma solução completa de on-trade e off-trade. São soluções para bares de alta coquetelaria, eventos, restaurantes e varejo, onde o consumidor pode ter seu dia de bartender em casa”, diz Moura.
O dinheiro será totalmente destinado ao plano de expansão do negócio, que prevê a abertura de 96 lojas próprias e franqueadas nos próximos três anos.
Composta pela APTK Spirits (fabricante de coquetéis engarrafados), APTK Malls (lojas físicas) e Ice4Pros (marca que vende gelo para coquetelaria), a holding já está utilizando o novo investimento para lançar novos produtos no mercado.
"Vamos direcionar os R$ 9 milhões para três áreas: desenvolvimento de novos produtos, abertura de lojas físicas da APTK e investimento na fábrica da Ice4Pros", afirma Luiz Paulo Foggetti, CEO da Small Batches, em entrevista ao NeoFeed.
Além dos clássicos engarrafados como negroni, cosmopolitan e old fashioned, a ideia agora é dar um toque mais brasileiro aos coquetéis da marca. Para alcançar esse objetivo, a APTK recorreu a um ingrediente brasileiríssimo: o caju nordestino.
"A grande novidade para o próximo semestre é o lançamento de linhas de bebidas mais tropicais. Em julho, vamos colocar no mercado o drinque Caju Amigo, feito com cachaça, caju e especiarias", explica Foggetti.
Além dos novos produtos de caju, a marca também está preparando o lançamento de uma linha dedicada a coquetéis históricos. O primeiro rótulo confirmado é o drinque Jorge Amado, que inclui ingredientes como aguardente, maracujá, cravo e canela.
Do aporte de R$ 9 milhões, um terço está sendo investido em matéria-prima e marketing dos novos produtos e outro terço irá viabilizar a abertura de mais lojas.
Fora do varejo, a APTK também comercializa seus drinques para restaurantes e hotéis. Entre os clientes estão o Bar Pirajá, o Vista Bar e o hotel Emiliano. Atualmente, a marca possui um total de 8 lojas físicas, sendo 4 localizadas em São Paulo e as demais distribuídas pelo Rio de Janeiro, Porto Alegre e Goiânia.
Com os novos recursos, a meta em 2023 é dobrar o número de lojas, que vendem não apenas os drinques como também utensílios e acessórios de coquetelaria. “Estamos caminhando para fechar o ano com pelo menos 16 lojas”, afirma Foggetti, citando a abertura de uma segunda loja carioca, uma outra em Curitiba e mais 4 em shoppings de São Paulo e Belo Horizonte.
Um Brasil carente de spirits
A marca também estuda chegar a outras regiões além do sudeste e centro-oeste. Fincar a bandeira no Nordeste com uma loja em Pernambuco seria o primeiro passo, que no momento está sendo discutido. Atualmente, mais da metade das vendas da marca já acontecem nas lojas físicas, o restante vem do e-commerce, incluindo a plataforma própria e parceiras como a Fastshop.
Com a vantagem de os coquetéis engarrafados ter um prazo de validade mais longo, Foggetti também vislumbra a possibilidade de internacionalizar a operação. "O mercado americano sofre com ausência de mão de obra especializada em bares e restaurantes. Estamos estudando a possibilidade de entrar em estados como a Flórida e Nova Iorque.”
Segundo a consultoria Grand View Research, o mercado global de coquetéis prontos é estimado em 800 milhões de dólares, e deve crescer 12% ao ano até 2028. Surfando o bom momento do nicho ready to drink, a holding da APTK triplicou o faturamento entre 2021 e 2022, de R$ 5,4 milhões para R$ 15 milhões.
Em modo de ataque, no final do ano passado o grupo comprou 50% da Destilaria Batista, uma das mais tradicionais do país, localizada em Sacramento, Minas Gerais. Com a aquisição, a capacidade fabril da APTK multiplicou 20 vezes. O que deve garantir, segundo Foggetti, um faturamento recorde de 120 milhões de reais em 2023.
Outro pilar que está ajudando a holding a colocar mais gelo no copo é a Ice4pros, uma das únicas marcas brasileiras especializadas em gelo profissional para coquetelaria. O negócio já atende bares e restaurantes premiados do sudeste e expandirá a capacidade de produção com R$ 2 milhões investidos em fábricas que operam em Brasília e Goiânia.
Fazendo uma verdadeira alquimia para trazer complexidade a um elemento simples como a água, a marca utiliza técnicas como filtragem de 0,002 de pureza ㅡ 2.500 vezes o filtro comum de uma casa. A prova de que é possível agregar valor a tudo, inclusive a uma simples pedra de gelo.