Fundador do Softbank, Masayoshi Son tem um longo e estreito relacionamento com os grandes bancos. Há muitos anos, ele recorre a empréstimos nessas instituições, usando como garantia parte de suas ações no seu banco, avaliado em US$ 121 bilhões.

Nos últimos meses, porém, um canal importante dessa rede se fechou para o bilionário japonês, dono de uma fortuna estimada em US$ 28 bilhões e de uma fatia de 26,47% no Softbank. Ao que tudo indica, ao menos no Credit Suisse, a fonte secou para Son.

De acordo com documentos aos quais o The Wall Street Journal teve acesso, o banco suíço, que já foi um dos maiores credores do empresário, encerrou um relacionamento de longa data com Son nos últimos meses.

As portas se fecharam para o fundador do Softbnk na esteira das perdas bilionárias sofridas pelo Credit Suisse a partir dos colapsos financeiros do family office Archegos Capital Management e da gestora de ativos britânica Greensill Capital.

Até fevereiro, Son tinha cerca de US$ 3 bilhões em ações do Softbank dadas como garantia ao Credit Suisse, banco com o qual o empresário se relacionava há quase 20 anos. No mês de maio, no entanto, todos os empréstimos foram zerados com a instituição, que vem buscando reduzir seu risco.

Esse contexto também trouxe reflexos na relação do Credit Suisse com o próprio Softbank. De acordo com os documentos e pessoas próximas à empresa ouvidas pelo The Wall Street Journal, o banco suíço passou a restringir recentemente seus negócios com o grupo japonês.

Agora, a instituição exige que qualquer transação envolvendo o Softbank passe, necessariamente, por processos adicionais de verificações e aprovações de risco o que, segundo essas pessoas, equivale a uma proibição informal de novos negócios entre as duas partes.

O novo cenário vai na contramão dos fortes laços entre as duas partes nos últimos anos. O Credit Suisse já atuou como consultor financeiro do Softbank e de muitas empresas do Vision Fund, veículo do banco japonês e o maior fundo de investimentos de tecnologia do mundo.

Um dos estopins de todo esse novo contexto envolve justamente a Greensil Capital, que tinha o Softbank como principal acionista e com a qual o Credit Suisse administrava US$ 10 bilhões em fundos de investimento.

Em 2020, executivos do banco identificaram possíveis conflitos de interesse depois que o Softbank investiu US$ 700 milhões em um desses veículos. Ao mesmo tempo, muitas empresas do seu portfólio também tomaram empréstimos junto à Greensil.

Essa relação dúbia levantou suspeitas no Credit Suisse quanto a atuação do grupo japonês, que reduziu sua participação de US$ 1,5 bilhão na Greensil Capital, após o banco suíço fechar, em março, seus quatro fundos vinculados à empresa britânica, em meio ao colapso da gestora.

Desde então, o Credit Suisse vem tentando recuperar os US$ 10 bilhões de investidores comprometidos nos fundos com a Greensil Capital. Parte dessa recuperação está ligada diretamente a empresas do portfólio do Softbank, como a startup americana do setor de construção Katerra, que deve US$ 440 milhões a esses veículos.