Em 2011, o holandês Andries Oudshoorn desembarcou no Brasil para lançar o Bomnegócio.com, site de compra e venda de usados, um conceito, até então, pouco difundido no País. No mesmo ano, a rival OLX lançou uma campanha que foi veiculada massivamente em horário nobre, com o bordão “Desapega”.

Quatro anos depois, essas histórias se cruzaram com a fusão das duas operações. Sob a marca OLX e com Oudshoorn como CEO, a empresa ganhou tração e se firmou como o maior site local de usados, ao ocupar o posto do mercado livre, que havia migrado boa parte da sua oferta para os produtos novos.

Atualmente, os investimentos em publicidade para disseminar seu conceito já não são o maior foco da OLX. “Não temos mais muito custo adicional para trazer usuários”, diz Oudshoorn. Em entrevista ao programa Conexão CEO (vídeo completo acima), ele fala sobre o modelo pelo qual a empresa chegou ao break even, em 2017.

Todos os meses, cerca de 60 milhões de usuários acessam o site, que movimentou R$ 140 bilhões em 2019. Em média, a cada minuto, 50 pessoas “desapegam” por meio da plataforma, cuja utilização segue gratuita para consumidores.

A receita vem de ferramentas, como anúncios em destaque, ofertadas aos vendedores profissionais, entre eles, concessionárias de automóveis e imobiliárias. “Hoje, temos um negócio saudável, com crescimento e lucro”, diz. “E estamos usando parte disso para investir em novos serviços.”

Alguns movimentos recentes mostram o apetite da OLX para ampliar sua oferta e escalar ainda mais esses indicadores. Em julho, a empresa lançou a OLX Pay, carteira digital voltada às transações realizadas dentro da plataforma.

Além de parcelarem sua compras em até 12 vezes, os compradores agora têm a possibilidade de escolherem a entrega pela plataforma, por meio de uma parceria estabelecida com os Correios. Já os vendedores recebem os pagamentos à vista.

Outro recurso da OLX Pay é o Compra Segura, que assegura o pagamento aos vendedores e, ao mesmo tempo, garante a devolução do valor pago aos compradores, caso haja algum problema no produto adquirido.

“Nosso modelo tradicional dá muita segurança e confiança, mas também é um pouco limitado”, afirma Oudshoorn. “Esse formato vai abrir a OLX para mais usuários, que vão poder negociar com pessoas no País inteiro.”

Fruto de uma joint venture entre a sul-africana Prosus e a norueguesa Adevinta, a OLX Brasil também conta com os recursos de suas controladoras para apoiar as aquisições que reforçam segmentos relevantes da sua operação.

Esse é o caso das ofertas de imóveis. Em 2019, por exemplo, a companhia comprou a Anapro, plataforma com foco em lançamentos imobiliários. A grande tacada nesse segmento veio, porém, em março desse ano, quando a OLX desembolsou R$ 2,9 bilhões para adquirir o Grupo ZAP.

O acordo para a incorporação da companhia ainda aguarda aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Mas Oudshoorn já traça os planos a partir do sinal verde para a integração da operação, que irá adicionar, a princípio, 800 profissionais ao quadro da OLX.

A aquisição vai ao encontro do foco da empresa em criar uma experiência 100% online em mercados ainda menos adeptos da tecnologia, como as concessionárias e as imobiliárias. “Antes, era difícil para a OLX estar na frente de inovação de todos os segmentos com uma plataforma horizontal”, diz. “Com o Grupo ZAP, vamos ter um time de mais de 200 pessoas de tecnologia só focada em imóveis.”

O executivo entende que esse cenário contará com o impulso da digitalização gerado pela Covid-19, que está ampliando a adoção do comércio eletrônico no País. Ele acrescenta, porém, que a pandemia pode trazer outra mudança de comportamento favorável ao modelo da OLX: o consumo sustentável.

“Acho que, com a Covid-19, as pessoas estão se tornando mais conscientes”, observa. “Precisamos repensar nossa maneira de consumir e acredito que a OLX tem uma parte importante nesse novo modelo, de só produzir o que se precisa e de se estender a vida útil dos produtos.”

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