Um dos principais nomes entre as companhias aéreas presentes no mercado brasileiro, a Azul acumula uma desvalorização próxima de 37% em suas ações no acumulado de 2021, ainda, em boa parte, na esteira dos efeitos da Covid-19.

O horizonte à frente da empresa, no entanto, é bem mais positivo. Essa é, em resumo, a visão do Credit Suisse, que publicou relatório nesta terça-feira, 7 de dezembro, com suas impressões sobre o evento direcionado a investidores promovido pela Azul.

No documento, os analistas do banco classificam a empresa como outperform (acima da média do mercado) e estabelecem o preço-alvo da ação em R$ 50, o que representa uma valorização de pouco mais de 100% sobre o preço de fechamento de R$ 24,80 do papel no pregão de 6 de dezembro.

Um dos pontos destacados pelo Credit Suisse a partir do evento é a diversificação e o plano, em curso, de renovação da frota da Azul. A estratégia envolve a substituição gradual de aeronaves E1, de 118 assentos, pelos modelos E2, de 136 assentos, também da Embraer.

Com essa renovação, prevista para ser concluída integralmente até 2026, a Azul passará a ter aeronaves com 15% a mais de capacidade em termos de passageiros e um custo 26% menor por assento.

“Acreditamos que a transformação da frota acabará sendo uma oportunidade significativa, já que cerca de um terço das operações da Azul vêm de E1s. Em termos de consumo de combustível, a Azul espera mais eficiências ao longo de 2022-2025”, escreveram os analistas Alejando Zamacona, Diego Serrano e Regis Cardoso.

Ainda sob o ponto de vista de custos, a Azul ressaltou que espera mais ganhos de eficiência a partir da recuperação total da sua capacidade e do investimento em novos processos de automação.

A companhia projeta, por exemplo, alcançar 76 funcionários por aeronave em 2022, uma queda de 18% comparada ao volume de 2019. Além de uma economia de até R$ 200 milhões com a internalização da manutenção e da mão de obra nos primeiros dois anos de operação de seu hangar em Campinas.

No evento, os executivos da aérea também destacaram que as reservas e tarifas já estão em níveis acima daqueles verificados em 2019. A projeção é manter esse ritmo no quarto trimestre e também em 2022.

“A Azul registrou a recuperação mais forte entre os seus pares em termos de demanda doméstica, com sua capacidade acima dos níveis pré-pandemia desde julho de 2021”, observaram os analistas do Credit Suisse.

Eles também frisaram o avanço da vacinação e a visão positiva da companhia sobre a retomada das viagens corporativas, com sua exposição diversificada a destinos fora dos mercados de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, e a setores de recuperação mais rápida, como o agronegócio.

Outro componente que reforça as boas perspectivas é a Azul Cargo, operação de transportes de cargas da empresa, que lidera o segmento no País com um market share de 35%, ante 19% em 2019.

“O forte crescimento do negócio de carga vem de uma fonte saudável, dado que 40% vêm de novos clientes, 40% de clientes orgânicos e apenas 20% de concorrentes”, afirmaram os analistas, dando destaque ainda a acordos firmados com parceiros como o mercado livre, o que permite que a Azul Cago entre no segmento de e-commerce sem precisar atuar na última milha, o trecho mais caro do setor.

A forte posição de liquidez da Azul também foi apontada como mais um fator positivo no relatório, em especial, a “significativa melhora” alcançada no caixa, com recursos da ordem de R$ 3,6 bilhões, contra R$ 1,6 bilhão em 2019.

Um último aspecto abordado foi o interesse em na compra da Latam, em uma proposta de US$ 5 bilhões, que perdeu força, a princípio, na semana passada, quando a Latam apresentou um plano de recuperação, que ainda depende de aprovação.

As ações da Azul, avaliada em R$ 8,6 bilhões, estavam sendo negociadas a R$ 25,19 por volta das 12h15, com alta de 1,57%.