Depois de quase cinco anos, a Conta Azul voltou a ter seus três fundadores atuando novamente no negócio. Conforme apurado pelo NeoFeed, a fintech de serviços voltados para a área de contabilidade e soluções de ERP recontratou nos últimos meses João Zaratine e José Sardagna para cargos de liderança de uma nova frente do negócio.

A ideia é que os executivos possam potencializar a divisão do negócio que visa levar os serviços bancários com a plataforma de ERP. “A gente já faz o meio de pagamento. O que vamos fazer agora é lançar a conta PJ integrada ao ERP para que o cliente possa operar financeiramente dentro da plataforma”, diz Zaratine, agora chefe de soluções financeiras da fintech.

Ainda não há previsão de quando isso ficará pronto, mas os primeiros testes com contas PJ já estão sendo realizados. Além de permitir ações como o pagamento de contas, a Conta Azul quer trazer novas funções para seu serviço bancário. Entre elas estão produtos de crédito como a antecipação de recebíveis.

“Queremos transformar o nosso banco no preferido do nosso cliente”, diz Zaratine. “Em vez de ele usar Santander, Itaú ou outros, queremos que a conta bancária principal do cliente seja a da Conta Azul.”

Essa nova gama de soluções ainda está em fase de desenvolvimento e não há detalhes sobre o tamanho da carteira que será criada. Pelo menos para este ano, o objetivo é oferecer crédito por meio de parcerias com companhias que já operam dessa forma. Para 2024, há a possibilidade de a Conta Azul levantar um FIDC.

A startup não revela quanto pretende investir para fazer isso, mas diz que não vai levantar capital. “Vamos fazer com recursos próprios”, diz Zaratine. De acordo com o executivo, o plano é contratar “dezenas de funcionários”. Atualmente, a companhia detém cerca de 540 empregados.

A Conta Azul não revela números detalhados de sua operação, apenas informa que emitiu mais de R$ 50 bilhões em notas fiscais em 2022 e R$ 4 bilhões em cobranças. Até o fim de 2021 a empresa tinha cerca de 100 mil clientes e receita anual próxima de R$ 100 milhões.

A volta da dupla é simbólica. Zaratine saiu da fintech em 2017 para focar na criação da Leve, startup de soluções financeiras para RH que fundou ao lado de Gustavo Raposo e que no fim do ano passado teve sua operação comprada pelo Neon, por valor não divulgado.

Sardagna, por sua vez, deixou a Conta Azul em março de 2021. Até outubro do ano passado, ele ocupou o cargo de diretor de produtos da Liber Capital, plataforma de antecipação de recebíveis que conecta empresas e financiadores. De volta à Conta Azul, ele comandará as contas PJ.

“Nós três sempre fomos muito próximos e começamos a rabiscar essa ideia de uma frente de crédito há algum tempo”, diz Zaratine, que voltou à empresa em novembro do ano passado, mas só está sendo anunciado oficialmente agora. “A gente cogitou desenvolver por conta própria, mas teve também a questão de trazer os founders de volta para o negócio.”

Com sede em Joinville, a startup fundada pela dupla e por Vinicius Roveda, que é o CEO, se consolidou como uma das principais fintechs de contabilidade do mercado brasileiro. A companhia já levantou US$ 50 milhões em aportes de fundos como Tiger Global, Ribbit Capital e Monashees.

Entre as rivais do negócio estão fintechs como a paranaense Contabilizei, que já levantou US$ 80,1 milhões, e a paulista Omie, que recebeu aportes que somam mais de US$ 137 milhões.