A Semp TCL, joint venture entre a brasileira Semp e a chinesa TCL, está com novo comando. O executivo Felipe Hennel Fay, de 36 anos, acaba de assumir a presidência da empresa, substituindo a Ricardo Freitas.

Hennel Fay é neto de Affonso Brandão Hennel, o controlador da empresa, e estava sendo preparado para ser presidente desde 2013, quando ele voltou a trabalhar na companhia da família.

“É uma transição tranquila, pois mantemos o caminho que a empresa seguia sob o comando do Ricardo Freitas”, disse Hennel Fay, com exclusividade ao NeoFeed.

Antes de assumir o comando, Hennel Fay era vice-presidente e trabalhava muito próximo de Freitas, que está assumindo um cargo no conselho de administração da Semp TCL.

Freitas, que estava na presidência desde 2014, quando a empresa ainda se chamava Semp Toshiba, se tornou sócio da Hedge Invest, uma asset fundada por seu irmão, André Freitas.

Ao longo de sua presidência, ele preparou Hennel Fay para assumir o comando da empresa. Os dois foram fundamentais para costurar a joint venture com TCL, fabricante chinesa que detém 40% da empresa no Brasil.

A dupla negociou a saída da Toshiba, parceira histórica dos brasileiros da Semp, ao mesmo tempo que discutia os termos de uma joint venture com chineses. O acordo foi fechado com uma visita de Brandão Hennel à China, onde ele conheceu o fundador da TCL, Li Dong Shen. Um aperto de mãos selou a parceria em 2016.

Na nova joint venture, duas pessoas trabalharam muito próximos de Freitas. Hennel Fay era um deles. O outro era o chinês Yue Haiping, que se tornou vice-presidente e era o representante da TCL na companhia.

“Na prática, desde o início da joint venture, implantamos uma copresidência. Felipe e Yue participaram, de forma ativa, de absolutamente todas as decisões que tomamos na empresa”, afirmou Freitas, ao NeoFeed.

Com a TCL, a companhia entrou em novos setores. Além de tevê, celulares e áudio, a companhia passou a atuar na área de eletroportáteis, com a importação de uma série de produtos da China.

A fabricação de condicionadores de ar começa em agosto. Em setembro, o produto chega ao mercado

Agora, a empresa vai produzir condicionares de ar. A fabricação começa em agosto na fábrica da Semp TCL, em Manaus. Em setembro, o produto chega ao mercado. “Na China, a TCL produz mais de 10 milhões de condicionadores de ar”, diz Hennel Fay.

De estagiário a presidente

Hennel Fay tem uma longa trajetória na Semp. Em suas férias, na época em que era estudante, ele trabalhava na empresa da família.

Seu primeiro estágio foi quando tinha 11 anos de idade, quando trabalhou montando caixas acústicas. Aos 12 anos, foi office boy. “Pegava ônibus e levava cheques para serem depositados no centro todo dia”, relembra o executivo.

Aos 13 anos e 14 anos, ele foi estagiar na fábrica da empresa em Manaus, passando por todas as áreas da unidade industrial. “Cheguei até a descarregar caminhões com componentes que chegavam da Ásia”, diz.

Hennel Fay se formou em administração de empresas na Syracuse University, nos Estados Unidos, a mesma em que estudou seu avô

Hennel Fay se formou em administração de empresas na Syracuse University, nos Estados Unidos, a mesma em que estudou seu avô, a quem ele chama de Dr. Affonso, a forma como ele é conhecido por seus funcionários.

“Dá porta para dentro, sou um funcionário como outro qualquer. Ele só é meu avô da porta para fora”, afirma, fazendo questão de ressaltar o processo de profissionalização da empresa.

Depois de formado, Hennel Fay atuou em outras empresas até retornar à Semp em 2007. Mas não ficou muito tempo. Saiu para o banco Intercap, que também era da família. Retornou apenas em 2013, quando a companhia não vivia um bom momento.

Reestruturação

Aos 83 anos, Brandão Hennel retornou ao comando da empresa, por conta de uma série de dificuldades financeiras. Foram oito meses no comando. Em janeiro de 2014, ele nomeou Freitas, que era o diretor financeiro, para a presidência da Semp.

Freitas comandou uma grande reestruturação da empresa. Marcas foram descontinuadas, como a STI, e a fábrica de computadores em Salvador, fechada. Produtos como notebooks, celulares e tablets deixaram de ser fabricados. Com isso, a Semp se concentrou no seu negócio principal, que era a televisão.

Com a casa em ordem, a partir de 2015, a companhia, pouco a pouco, voltou a investir. A linha de tevês foi toda redesenhada com a tecnologia chinesa. Os celulares voltaram a ser produzidos. Hoje, são duas marcas: Semp e TCL. Uma linha de eletroportáteis, que inclui ferros de passar, fornos, batedeiras e aspiradores de pó, passou a ser importada. Agora, a nova aposta são os condicionadores de ar.

“A empresa está em um excelente momento”, afirma Hennel Fay. “A redução da taxa de juros, a aprovação da Reforma da Previdência e a Reforma tributária nos deixa otimistas.”

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