Em maio deste ano, a rede de restaurantes Giraffas apresentou um plano para intensificar sua estratégia de delivery, que incluía o lançamento de duas marcas digitais: a Saffari, de marmitas, e a Storo, de hambúrgueres.

Seis meses depois, enquanto a Saffari decolou, a Storo saiu do cardápio da companhia – ao menos por ora. A rede interrompeu os esforços na divulgação da marca, sua aposta, até então, para competir diretamente no menu das hamburguerias.

“A Storo encontrou maiores dificuldades de posicionamento", afirma Carlos Guerra, CEO do grupo Giraffas, ao NeoFeed. "É um mercado ainda mais competitivo, quase saturado, e o projeto foi adiado para outro momento.”

Ainda que oficialmente a rede não admita que a marca foi abandonada, não há previsão para de retomar os planos nessa frente. Por enquanto, os investimentos estão mais voltados ao crescimento da Saffari, que pode mais do que dobrar de tamanho em 2023.

Com uma operação focada 100% no modelo de delivery, por meio de aplicativos como iFood e Rappi, e refeições preparadas nas unidades do Giraffas, a marca digital já foi incorporada a 125 pontos da rede. A projeção é chegar a 310 no ano que vem. Atualmente, a empresa tem 380 unidades físicas em operação.

O cardápio, ao contrário do Giraffas, que conta com opções de refeições, sanduíches e sobremesas, é composto apenas por marmitas e bebidas como refrigerantes, sucos e água. O preço de cada refeição sai a partir R$ 23,90, mas há combos com duas ou três bandejas, em que o preço unitário sai mais em conta.

A opção de não ter uma loja física da marca ou trabalhar com dark kitchens (estabelecimentos dedicados apenas ao delivery) tem um racional financeiro. “É um canal em que a gente não aumenta os custos. Tudo é feito dentro da estrutura do franqueado”, afirma Guerra.

A criação de uma marca digital dentro do Giraffas foi o atalho escolhido para facilitar o crescimento da companhia em diferentes nichos. “O Giraffas não é um canal de marmita, é mais amplo”, diz Guerra. “Para trabalhar somente com marmitas, você precisa ter um acesso direto a este espaço com uma marca específica.”

O Giraffas também opera no delivery com sua marca própria e está presente nos principais aplicativos de entregas de refeições. No cardápio, há opções de pratos, lanches e hambúrgueres.

Carlos Guerra, CEO do Grupo Giraffas

Com as duas frentes, o segmento de delivery deve representar entre 10% e 12% da receita da Giraffas nesse ano. A empresa projeta fechar 2022 com uma receita entre R$ 800 milhões e R$ 810 milhões, alta de mais de 31% em relação aos R$ 608 milhões registrados em 2021.

O percentual do delivery já representa o dobro do que a companhia registrava em 2019, no último ano antes da chegada da Covid-19. “A gente passou a dar uma importância maior para este canal a partir da pandemia”, afirma Guerra.

O percentual do Giraffas parece em linha com o obtido por algumas empresas que também atuam no setor de alimentação. Nos resultados do terceiro trimestre da Zamp, que controla as marcas Burger King e Popeyes no Brasil, o delivery representou 13% da receita de R$ 908,6 milhões no período.

Na IMC, o cálculo em relação ao impacto do delivery nos negócios é feito a partir das vendas das marcas Pizza Hut e KFC. A dupla registrou receita de R$ 89,1 milhões com o delivery de refeições no terceiro trimestre desse ano. O valor representa 28,5% da receita total das marcas no período: R$ 223,5 milhões.

Para 2023, o Giraffas projeta crescer sua receita total entre 20% e 22%, motivado ainda pela volta dos clientes aos seus restaurantes, que devem ganhar pelo menos mais 30 unidades. “A meta é atingir um faturamento de R$ 1 bilhão.”

Para alcançar esse crescimento, além da abertura de lojas e do delivery, a companhia vai seguir reforçando os investimentos em marketing, com o plano de destinar entre R$ 27 milhões e R$ 30 milhões para divulgar a linha de produtos e as marcas do grupo.