A Gol Linhas Aéreas, uma das companhias que ainda lutam para voltar a ter níveis de operações similares aos que tinha antes da pandemia, conseguiu dar um passo adiante no terceiro trimestre e espera se beneficiar da alta temporada no fim do ano para apresentar números ainda melhores no quarto trimestre.

Em fato relevante publicado nesta segunda-feira, dia 11, a companhia destacou que voltará a fazer voos internacionais, a começar pelos destinos de Montevidéu, no Uruguai; Cancun, no México; e Punta Cana, na República Dominicana, depois de um período que os brasileiros ficaram restritos a viagens domésticas, por causa da pandemia.

A Gol também aumentará o total de assentos disponíveis para as vendas previstas para a Black Friday, no fim de novembro. “Nosso foco no quarto trimestre é adequar diligentemente nossa capacidade ao aumento da demanda, tanto no segmento de viagens a negócios como nas viagens a lazer, em função da temporada de férias”, afirma o vice-presidente financeiro da companhia, Richard Lack, no comunicado.

No documento, a empresa diz que pretende elevar a capacidade de voos em 30% nos últimos três meses do ano, “antecipando uma demanda sazonal mais forte”. A companhia, assim como todos os setores ligados ao turismo, alimenta suas expectativas com base no avanço da vacinação.

Até domingo, dia 10 de outubro, 99,1 milhões de brasileiros já haviam tomado a segunda dose ou a dose única, quase a metade da população, segundo as secretarias de saúde dos estados. Aqueles que tomaram pelo menos uma dose e estão parcialmente imunizados são 70%.

No retorno ao exterior, porém, a Gol não será a primeira. A Latam, por exemplo, já retomou, em outubro, 25% da sua oferta de assentos para voos internacionais, em relação a igual mês de 2019. Neste mês, a companhia deve operar voos para 122 destinos em 18 países, segundo relatório publicado no dia 8 de outubro.

A Azul também está ativa em voos para outros países. Em setembro, a demanda para voos internacionais cresceu 53,6% em relação a igual mês de 2020 - em indicador que multiplica o número de passageiros transportados pelo total de quilômetros voados, chegando ao resultado de 121 milhões.

Os números definitivos da Gol para o terceiro trimestre só serão conhecidos em novembro, mas a empresa apresentou resultados preliminares e não auditados nesta segunda-feira. Segundo a companhia, a receita unitária por passageiro tende a crescer 5% no terceiro trimestre em comparação a igual período do ano passado.

No segundo trimestre, a Gol teve lucro líquido de R$ 642,9 milhões, revertendo prejuízo de R$ 1,99 bilhão registrado em igual período do ano passado, nos primeiros meses da pandemia. As vendas médias diárias, por sua vez, atingiram R$ 28 milhões no período entre julho e setembro, alta de 48% em relação ao ritmo do final do segundo trimestre. No terceiro trimestre do ano passado, as vendas médias diárias ficaram em R$ 20 milhões, a metade do que a companhia anotava antes da pandemia.

Os custos unitários que excluem combustíveis, despesas não operacionais e não recorrentes indicam queda de 11% no terceiro trimestre, em comparação a igual período de 2020. Com os combustíveis, mais sensíveis à variação do dólar, há aumento de 45%.

A taxa de ocupação, por sua vez, ficou em 82% no terceiro trimestre, um patamar considerado saudável pelo mercado. No mês passado, analistas do BTG Pactual notaram que, em agosto de 2019, antes da pandemia, a taxa da Gol havia sido de 82,5%.

“A Gol tem sido capaz de manter a taxa acima de 80%, o que indica uma dinâmica construtiva de preços”, escreveram os analistas Lucas Marquiori, Fernanda Recchia e Aline Gil, em relatório publicado no dia 8 de setembro. “Isso realça também a capacidade da companhia de se adaptar à baixa demanda.”

A margem Ebitda da companhia, porém,  segue em queda. No terceiro trimestre, em conta que exclui despesas não operacionais e não recorrentes, a margem é estimada entre 22% e 24%, contra 29% para o trimestre encerrado em setembro do ano passado.

No terceiro trimestre, a companhia amortizou R$ 518 milhões da dívida total, o que inclui R$ 100 milhões de dívida financeira e R$ 418 milhões com o arrendamento de aeronaves. A alavancagem financeira, medida pela relação entre a dívida líquida e o Ebitda, ficou em aproximadamente 10 vezes no fim de setembro. A Gol é avaliada em R$ 7,9 bilhões. Por volta das 10h40, a ação caía 1,99%, para R$ 19,68.