Hoje o assunto é espinhoso. Liderança não é só alegria, longe disso. Os grandes líderes são missionários, gerenciam sabendo que haverá sacrifícios e obstáculos, derrotas e reconstruções, novos desafios e mudanças constantes. E pelo caminho vão ficar tarefas, metas não alcançadas e profissionais. E é sobre estes que vamos falar.

Todo líder tem que encarar o momento de demitir como parte da sua missão. Aqui vamos nos ater a demissões por performance individual, não por crises que geram a necessidade de reduções de quadro.

Ao longo da jornada os líderes vão sempre se defrontar com a necessidade de demitir alguém e isso faz parte da vida e do papel de gestão. Mas, antes de demitir, existem coisas que um gestor não pode deixar de fazer.

Em primeiro lugar deve-se refletir se a organização fez por aquele profissional o que se comprometeu a fazer na contratação ou ao colocá-lo no novo cargo. O líder deve se perguntar se há algo que ele e a empresa ainda possam fazer para que o profissional tenha a performance esperada, para continuar na companhia. Incluindo aí uma possível oportunidade em outra área da empresa.

Aqui entra a coerência, afinal a empresa escolheu e investiu neste profissional. Em algum momento a empresa o preferiu entre tantos outros, assim sendo, a continuidade do profissional é uma questão que se sobrepõe ao líder imediato.

Mas a pergunta chave é a seguinte. Se o profissional em questão pedisse para sair, você faria algo para retê-lo? Esta pergunta deve ser feita rotineiramente por um gestor. Mas lembre que você, gestor, é sócio na carreira e no sucesso das pessoas. O fracasso de um profissional é parte do seu problema, portanto você também é responsável pela solução.

Uma demissão nunca deve ser celebrada, trata-se de uma perda coletiva. E o demitido é uma pessoa que estará vivendo um dos piores momentos da sua carreira

Isto posto, uma demissão nunca deve ser celebrada, trata-se de uma perda coletiva. E o demitido é uma pessoa que estará vivendo um dos piores momentos da sua carreira. Portanto, respeito acima de tudo.

Siga o conselho de Bill Campbell, famoso coach americano que dizia “você não pode deixá-lo manter seu emprego, mas sem dúvida pode deixá-lo manter seu respeito”.

Vale ter em mente que você é o gestor, portanto não se esconda por trás do seu RH, a responsabilidade da execução é sua, não importa qual seja o motivo do desligamento. No final outras coisas são essenciais neste quadro.

Alguém saiu, mas o time ficou. E os que ficaram encararão o líder com um novo olhar. E eles levarão o líder para algum lugar no futuro. Se houve justiça, coerência e respeito, o time vai responder adequadamente e até melhorar a performance.

Nas palavras de Dag Hammarskjold (1905-1961), escritor sueco, “quem quer manter um jardim bonito não guarda um canto para as ervas daninhas”.

Outra coisa, todo ex-funcionário é um garoto propaganda da empresa. Ele vai falar sobre ela para sempre, bem ou mal, portanto ele vai continuar influindo na performance da companhia, mesmo depois da saída. Não só vai falar da empresa, vai falar do gestor, ou seja, do seu ex-líder querido. Reforça o ponto, justiça, coerência e respeito.

E mais, a vida segue. Só o tempo dirá se a sua decisão foi acertada ou não. Todo gestor já errou (me incluo nessa), demitindo errado ou não demitindo.

No final a vida vai seguir, mas, ao demitir alguém, você estará mexendo profundamente numa carreira, numa vida e numa família

No final a vida vai seguir, mas, ao demitir alguém, você estará mexendo profundamente numa carreira, numa vida e numa família. Claramente há uma oportunidade de aprendizado para todos, mais ainda para o gestor. Atenção com a justiça, a coerência e o respeito.

Por fim, você demitiu um profissional, não uma pessoa. Que tal continuar cuidando, ajudando-o a melhorar e trabalhando para a recolocação desse profissional? Você e seu RH devem trabalhar juntos por isso.

Se o colega que saiu é uma pessoa do bem, vai estar mais preparado para o futuro desafio. E mais, o mundo é pequeno, a chance de vocês se cruzarem é grande. Vai que faltou justiça, coerência e respeito, como é que fica?

*Leonel Andrade foi CEO da Smiles, Credicard e Losango Financeira. Atualmente, é membro do Conselho de Administração da BR Distribuidora. Também faz palestras sobre gestão de pessoas e negócios.

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