Depois da Dior, que abriu no ano passado um museu, batizado “Galeria Dior”, agora é a vez da Louis Vuitton, outra grife emblemática do grupo francês LVMH, estrear em Paris um espaço de exposições que retraça a história da marca que existe há quase 170 anos. O LV Dream será inaugurado na quarta, dia 16, e reúne ainda um café, uma chocolateria e uma loja de souvenirs.
Com esse novo local, a Louis Vuitton reforça a tendência da indústria do luxo de propor outras formas de divulgar uma marca, com destaque para a tradição e aspectos culturais ligados à sua história, e, que ao mesmo tempo, associa a moda à gastronomia. Essa é uma estratégia cada vez mais adotada pelo setor para propor experiências diferentes, gerar engajamento e também atrair um novo público.
Situado em um prédio histórico na rue du Pont Neuf, onde funciona a sede da Louis Vuitton – bem em frente à ponte mais antiga de Paris, um dos cartões postais da cidade – o LV Dream vai mostrar as inúmeras parcerias que a grife realizou com artistas ao longo de décadas, entre eles a japonesa Yayoi Kusama, famosa por suas bolinhas, e o escultor americano Jeff Koons, um dos mais influentes da atualidade, além do estilista Stephen Sprouse e a marca americana de streetwear Supreme, entre outros.
São nove salas de exposições, com temas como “visto por...”, “o mundo de Vuitton segundo Rei (Kawakubo, estilista japonesa fundadora da marca Comme des Garçons que criou uma linha de bolsas em colaboração com a Louis Vuitton), ou ainda “reinterpretando ícones” e “acessórios de couro na moda.”
O espaço apresenta também uma seleção de modelos históricos e contemporâneos da grife famosa por seu monograma com as iniciais LV e desenhos de flores, até hoje um dos mais falsificados no setor do luxo.
Conhecida sobretudo por suas bolsas, essa marca parisiense, fundada em 1854, revolucionou o universo das bagagens ao inventar malas com tampos planos, que podiam ser empilhadas nos compartimentos dos trens e com uma estrutura mais leve do que a dos seus baús em madeira maciça.
Para prolongar a visita da exposição, há no primeiro andar o café e a chocolateria do chef doceiro Maxime Frédéric, do hotel de luxo Cheval Blanc ali ao lado e que, como a Vuitton, também pertence ao grupo LVMH. Frédéric ganhou o prêmio do guia Gault & Millau de chefe-doceiro deste ano. Chocolates (sua especialidade) com o monograma da grife foram criados para esse novo espaço cultural.
Na loja de souvenirs, há produtos exclusivos com o logotipo LV Dream e também pequenos acessórios de couro, perfumes e livros relacionados à história da Louis Vuitton. Diferentemente da Galeria Dior, onde o ingresso com tarifa normal custa 14€, o espaço de exposições do LV Dream é gratuito. Basta apenas fazer a reserva no site da grife.
O local se insere num contexto de revitalização dessa área de Paris depois que a LVMH reabriu no ano passado a loja de departamentos La Samaritaine, em frente à ponte Neuf, e inaugurou o hotel Cheval Blanc. O LV Dream, que a marca define como “novo destino cultural e culinário em Paris”, deverá funcionar durante um ano, até novembro de 2023.
Atualmente, não faltam lojas e eventos efêmeros no universo do luxo na capital francesa que seguem a linha de propor experiências culturais ou insólitas à clientela. O rum cubano Eminente, também do grupo LVMH Moët Hennessy, lançado em 2020, inaugura em dezembro nas proximidades da Place des Vosges, no bairro do Marais, uma casa de estilo cubano, com paredes coloridas, pátio interno e obras de arte espalhadas pelo local, onde funcionará um restaurante e um bar.
A Casa Eminente terá também uma loja de produtos da gastronomia cubana e, claro, e um espaço de degustação do rum da marca. A joalheria Tiffany, comprada no ano passado pelo grupo LVMH por US$ 15,8 bilhões, abriu em maio na avenida Montaigne (o chamado “templo” das grandes grifes de luxo) uma loja efêmera que apresenta até maio do próximo ano peças consideradas emblemáticas da história da marca.
Uma cenografia com iluminação azul foi realizada especialmente para a exibição dessas joias, que incluem criações de George Farnham, joalheiro chefe da grife entre o final do século 19 e início do 20. Outro ponto forte da exposição é o catálogo original do leilão de joias da coroa francesa, adquiridas em 1887 em grande parte por Charles Lewis Tiffany.
Não são só as marcas da LVMH que se lançam em experiências com tempo de duração limitado e que integram experiências culturais. A grife italiana de artigos de couro Serapian, do grupo suíço Richemont, dono joalheria Cartier, inaugurou uma loja temporária na rue de la Paix, junto à Praça Vendôme, que além de realizar bolsas personalizadas, apresenta uma exposição sobre a tradição dos ateliês de couro de Milão. É uma primeira loja da Serapian em Paris, que poderá ser visitada até o final do primeiro semestre de 2023.