A Tesla pode até atrair grande parte da atenção, mas nem só da empresa de Elon Musk vive o mercado de carros elétricos. E com seu faro aguçado, o investidor Warren Buffett mostra que sua principal aposta nessa corrida está na China.

A carta anual que Buffett envia aos acionistas da Berkshire Hathaway mostrou que a gestora possui uma fatia de 8,2% da fabricante de carros elétricos chinesa BYD - mais do que os 3,7% que detém da General Motors.

As 225 milhões de ações da BYD foram compradas em 2008. Na ocasião, a MidAmerican, uma subsidiária da Berkshire Hathaway, investiu US$ 232 milhões na companhia chinesa, pagando o equivalente a pouco mais de um dólar por ação. Desde então, elas subiram mais 3.000% e hoje valem US$ 7 bilhões.

As ações da companhia chinesa tiveram uma valorização de 300% apenas em 2020. Em comparação, os papéis da GM subiram apenas 65% no mesmo período. O valor de mercado da montadora chinesa saltou de US$ 3 bilhões em 2008 para US$ 88 bilhões. Hoje, a GM vale US$ 75,7 bilhões.

Com sede em Shenzhen, a BYD se tornou um player importante no maior mercado automobilístico do planeta. No ano passado, a montadora vendeu 130 mil unidades de seus carros totalmente elétricos de passeio - o triplo de concorrentes locais como a Nio, que entregou apenas 43 mil veículos.

Aos 90 anos, o bilionário americano mostra que continua com uma visão afiada para identificar mercados com grande potencial. Seu interesse pelos fabricantes de veículos elétricos tem o respaldo de analistas.

"As ações de veículos elétricos podem subir 40%, 50% neste ano, já que estamos vendo uma onda verde global", disse Daniel Ives, da empresa de pesquisa Wedbush, em entrevista à rede CNBC. "E neste momento esse mercado é um oceano grande o suficiente para mais de um barco. Não será apenas o mundo da Tesla."

Carro elétrico da BYD

Em 2020, o mercado de veículos elétricos foi avaliado pela empresa de pesquisa de mercado Fortune Business em US$ 250 bilhões. Nos próximos 10 anos, essa indústria pode crescer até US$ 5 trilhões, de acordo com Ives. E o analista também vê um potencial de transformação das montadoras tradicionais, como General Motors e Ford.

Nesse cenário, a GM tem se posicionado de maneira bastante assertiva. O objetivo é produzir apenas carros elétricos até 2035. A empresa já tem modelos mais caros, como a picape Hummer EV, que chegará ao mercado no final deste ano com preços a partir de US$ 113 mil.

Alguns meses antes, deve lançar também dois modelos mais acessíveis. São versões do Chevrolet Bolt, um hatch e um crossover, que custarão a partir de US$ 34 mil. É um valor inferior a outros concorrentes da mesma categoria, como o Ford Mustang Mach-E crossover (US$ 43 mil) e o Tesla Model 3 (US$ 37 mil).

Com uma escala maior de produção e novas tecnologias aplicadas a baterias e plataformas usadas nos carros, a GM quer conquistar tanto o mercado popular quanto o de luxo. A estratégia da montadora é lançar 30 modelos elétricos até 2025 dentro de um plano de investimento de US$ 27 bilhões.

As diferenças entre os modelos ficam justamente nos recursos disponíveis. A bateria do Hummer EV, por exemplo, oferece uma autonomia maior que a das versões populares.